A disputa de bastidor pela presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) ameaça rachar a base do governador Paulo Câmara (PSB) às vésperas do início do período eleitoral. Os dois maiores partidos da Casa, PP e PSB, buscam se cacifar para a vaga deixada pelo ex-presidente Guilherme Uchoa, falecido há dois dias.
Pelo menos seis nomes da base governista têm sido lembrados como potenciais candidatos ao posto: Cleiton Collins (PP), Waldemar Borges (PSB), Romário Dias (PSD), Eriberto Medeiros (PP), Antônio Moraes (PP) e Alberto Feitosa (SD).
Presidente interino, Cleiton Collins tem lembrado a interlocutores que está no quarto mandato como deputado e já vinha substituindo Uchoa em várias sessões. Ele também costuma lembrar que o bloco formado por PP e PR tem 16 votos, formando a maior bancada. Hoje, após a última sessão antes do recesso, ele começará a se debruçar sobre o regimento do Legislativo. Mas só deve se posicionar mais claramente sobre a eleição interna no domingo, após o luto oficial de cinco dias pela morte de Uchoa.
Segunda maior bancada da Alepe, com 12 deputados, o PSB se reúne hoje para discutir a presidência da Casa. Socialistas têm questionado o discurso de proporcionalidade para o PP porque dizem que muitos dos integrantes da sigla ingressaram agora por uma solução eleitoral, e lembrando que os pepistas já têm três dos sete cargos da Mesa Diretora.
Embora assuma um mandato-tampão de seis meses, o novo presidente mudará a correlação de forças no Legislativo e largará na frente na disputa pela Mesa Diretora em fevereiro de 2019. “Não acredito que o PSB vá entrar nessa bola dividida e gerar atritos com o maior partido da base na véspera da eleição”, registra um deputado do PP.
Oposição quer antecipar eleição
O líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB), chegou a propor a antecipação da eleição para antes do recesso legislativo, tese que vem ganhando força na Casa. Prevista para ocorrer em até cinco sessões ordinárias – a de ontem e a de hoje serão extraordinárias – a eleição aconteceria após o período das convenções partidárias, que se encerra no dia 5 de agosto e na porta da campanha. “Quer queira quer não, o mês de agosto vai estar contaminado pelo processo eleitoral” argumentou Costa Filho.
Os próprios pepistas engrossam o coro da oposição. “Não pode coincidir essas datas. Se colocarmos uma eleição interna em um momento eleitoral, a coisa pode causar um grande embaraço”, afirma Eriberto Medeiros. Ele, que disputará para deputado federal, tenta se viabilizar como nome neutro.
Nos bastidores, informações dão conta de que o governo não tem confiança de dar o posto ao PP, comandado pelo deputado federal Eduardo da Fonte. Já a oposição tem interesse em antecipar a eleição para agregar forças com o PP. Com 16 votos, do PP e do PR, só seriam necessários 9 votos para obter a maioria na escolha do presidência.