Só quem literalmente enfrenta a enxaqueca sabe o quanto é sofrido conviver com crises de dores atrozes. Aliás, não apenas dores. Também conhecido como migrânea, o problema geralmente vem acompanhado de outros sintomas, como náuseas, vômitos, tonturas, sensibilidade à luz, a cheiros e barulho. Outra queixa comum entre os enxaquecosos é aura, marcada por sintomas visuais – pontos luminosos e falhas no campo visual.
A prova de que todo esse quadro impacta imensamente a qualidade de vida está na constatação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera a enxaqueca como doença crônica incapacitante. Isso leva pesquisadores de todo o mundo a se debruçarem em estudos capazes de controlar as pontadas na cabeça e os incômodos que acompanham as crises. No Recife, um grupo do Laboratório de Neurociência Aplicada (Lana) do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem abraçado um trabalho que valoriza técnicas de estimulações cerebrais não invasivas com eletrodos, para frear o tormento de quem convive com enxaqueca.
“Pessoas com a doença têm um padrão de atividade cerebral mais intenso e estimulante, o que favorece o aparecimento de dores e outros sintomas”, diz o fisioterapeuta Sérgio Rocha. Autor do estudo, fruto do projeto de mestrado que desenvolve na UFPE, ele deixa claro que as estimulações cerebrais são indolores e podem aliviar os incômodos da doença porque têm o poder de equilibrar a função excitante do cérebro dos enxaquecosos.
A pesquisa, que deve ser concluída em março de 2014, já contou com a colaboração de 10 voluntários, mas ainda há espaço para mais pessoas com o problema. Para participar do estudo, é preciso ter de 18 a 50 anos e não ter feito tratamento preventivo com medicação para as dores nos últimos 12 meses. “Os medicamentos geralmente usados não são destinados especificamente para enxaqueca. Além disso, causam efeitos colaterais e até dependência. Por isso, julgamos ser interessante analisar a estimulação cerebral não invasiva isoladamente”, frisa Sérgio.
As sessões conduzidas pelo fisioterapeuta duram, em média, 30 minutos. Antes disso, as pessoas que participam do estudo passam por uma triagem com um neurologista, capaz de confirmar o diagnóstico. Em seguida, elas respondem um questionário que fornece detalhes sobre as crises.
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