As bancas de revistas do Recife nunca estiveram tão movimentadas. Foi só o álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 2014 chegar às prateleiras, na primeira semana de abril, que muitos aficionados por futebol passaram a ter uma nova opção de lazer nos fins de semana. Álbuns debaixo do braço, cromos repetidos a postos e está aberta a temporada de trocas.
Ao todo, 640 jogadores preenchem as 80 páginas da publicação licenciada pela Fifa e editada pela italiana Panini. Hoje, quase dois meses após o lançamento, as bancas do Recife continuam cheias de colecionadores de todas as idades em busca das figurinhas que teimam em não estar nos pacotes fechados. Pedro Oliveira, de 12 anos, trocou a ansiedade de abrir a embalagem pela de encontrar quem já tem o cromo de que precisa. “Quando a gente vai aos encontros, é mais fácil porque não precisamos ter tanta sorte, é só procurar quem tem a figurinha que falta”, diz. É o primeiro álbum dele e ainda faltam mais de 100 figurinhas para completar, mas ele nem pensa em abandonar a brincadeira. “Não vou desistir, sempre peço pro meu pai me levar nas bancas e ele me ajuda”, garante.
Um dos pontos mais movimentados nas manhãs de domingos é em frente à banca localizada na esquina das ruas Santos Dumont com a Telles Júnior, no bairro dos Aflitos, Zona Norte do Recife. Foi lá que a bióloga Érika Pinho, de 25 anos, conseguiu encontrar os craques que faltavam. “Fomos três vezes lá. Além de você ficar cada vez mais próximo de completar o seu álbum, ainda ajuda outras pessoas a completar o delas”, ressalta.
Frequentar as trocas também pode ajudar quem não está disposto a gastar muito. “Se você for colocar na ponta do lápis, não se gasta menos do que R$ 130 para completar o álbum”, diz a colecionadora. Ela ainda usou outra estratégia para economizar: decidiu colecionar junto com o namorado. A princípio, ele não pareceu gostar muito da ideia, mas acabou se rendendo. “Ele resistiu um pouco, mas, depois que começamos, acho que ele ficou mais empolgado do que eu”, brinca. Depois de, aproximadamente, um mês, o casal conseguiu finalizar. “Por enquanto, o álbum está comigo, mas combinamos de fazer um revezamento”, diz.
Já o cientista político Fernando Cavalcanti, de 23 anos, preferiu encarar o desafio sozinho. O hábito de colecionar figurinhas começou quando tinha apenas 5 anos, inspirado pelo pai, que colecionava discos de vinil. “Já coleciono álbuns de figurinha desde 1996, quando fiz o álbum do campeonato brasileiro daquele ano. Lembro até hoje daquelas três figurinhas que faltam para eu completar meu álbum. A partir daí, foi uma mania que eu não consegui deixar de lado”, diz.
Fernando mantém guardados os álbuns da Copa de 2002, 2006 e 2010. O deste ano já está pronto para se juntar aos outros: ele levou pouco mais de um mês para completá-lo. E frequentar os encontros para troca no Recife ajudou muito para cumprir mais essa meta. “As vantagens são muitas. Além de você economizar, consegue terminar seu álbum mais rapidamente e conhecer pessoas que também estão no mesmo clima que você”, ressalta.