Os números da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em relação à Operação Final de Ano são preocupantes: 233 acidentes com 22 mortos e 151 feridos contabilizados em apenas 13 dias. Quase 18 ocorrências por dia nas estradas Federais que cortam Pernambuco. Os sinistros têm causas diversas, mas cerca de 90% foram provocados por falha humana, segundo estimativas de Éder Rommel, assessor de comunicação da PRF no Estado. A imprudência e a imperícia dos motoristas são apontadas como as grandes responsáveis pelas tragédias do trânsito.
De fato, dirigir em rodovias é bem diferente de transitar por ruas e avenidas das cidades. Nos grandes centros, a velocidade sempre é baixa e existem sinais, guardas e outros instrumentos de fiscalização que obrigam os motoristas a respeitar as regras de trânsito. Nas estradas, a velocidade máxima permitida pode chegar aos 110 km/h, embora muitos ultrapassem o limite. E não é somente o excesso de velocidade o responsável pelos acidentes. As condições climáticas também, pois podem variar durante a viagem. Chuva e neblina tornam tudo mais difícil. Nesses casos, é preciso aumentar a distância do carro da frente, reduzir a velocidade e ter cuidado com a aquaplanagem, movimento que acontece quando as rodas do veículo perdem contato com o solo por conta da camada de água que se forma entre o pneu e o asfalto.
Outro perigo é a presença de animais na pista, situação comum em estradas que cortam zonas rurais. O impacto de um carro com um bicho pode trazer consequências graves para o motorista. Ao avistar animais na pista, reduza bastante a velocidade e nunca buzine, pois o barulho pode provocar uma reação súbita do animal.
Uma situação comum em rodovias e que assusta os motoristas acostumados a rodar na cidade é a ultrapassagem de veículos longos como carretas ou treminhões, como são chamadas as carretas com até três reboques e ultrapassam facilmente os 30 metros de comprimento. Ultrapassar um monstro desses é uma tarefa difícil. Então, o correto é esperar o momento para chegar a uma reta onde você possa ver a pista contrária. Caso esteja livre, o motorista deve reduzir a marcha para ganhar em aceleração, sinalizar com a seta para a esquerda sua intenção de ultrapassagem e iniciar a manobra com determinação.
Éder Rommel lembra aos motoristas de primeira viagem a importância de prestar atenção à faixa amarela na pista. Ela demarca o trecho seguro para ultrapassagem. A parte tracejada mostra os locais com maior visibilidade. Se a faixa for contínua, nada de ultrapassagem.
Manter distância segura do carro da frente, equivalente a no mínimo duas vezes o tamanho do próprio carro, trafegar sempre do lado direito da via, não andar a velocidades muito baixas e nunca utilizar o acostamento como pista para fugir de engarrafamentos são outras regras básicas.
A jornalista Etiene Ramos conhece bem essas dificuldades. Habilitada há 17 anos, ela dirige diariamente na cidade. Etiene se considera uma boa motorista, mas evita pegar estrada com o carro. A maior viagem que fez conduzindo o próprio veículo foi do Recife a Gravatá, no Agreste, um percurso de pouco mais de 80 quilômetros e ainda assim, acompanhada do pai. “Sempre ouvi falar que dirigir em estrada era perigoso e isso acabou me desencorajando a tentar”, admite a jornalista. Ela diz que se sente insegura com a alta velocidade desenvolvida pelos carros nas rodovias e a proximidade com veículos maiores como os ônibus e as carretas. “Evito pegar estrada e, quando faço, prefiro que dirijam para mim”, conta.