Neste período de chuvas não é difícil o motorista se ver em apuros. Pode ser uma rua alagada, uma árvore ou poste caído na via. O problema é quando um desses incidentes causa um prejuízo maior que um simples desvio no caminho. Se o carro for invadido pela água ou uma árvore despencar sobre o teto do automóvel, por exemplo, é possível recorrer ao seguro para cobrir o prejuízo? A resposta é: quase sempre, sim. “Teoricamente qualquer sinistro, como se diz na linguagem do mercado, pode ser coberto pelo seguro”, diz Carlos Valle, diretor-regional da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor).
O seguro total – aquele que dá cobertura para colisão, roubo ou incêndio do veículo – já inclui a cobertura para danos como alagamento do carro em água doce ou queda de árvores ou postes sobre o automóvel. Mas um cuidado que se deve ter é verificar se o valor do conserto é inferior ao valor da franquia que o proprietário terá de pagar para usar a apólice. “Se um galho de árvore cai sobre o carro e amassa o teto ou o capô, talvez seja mais barato fazer o conserto do que pagar o valor da franquia. Em casos assim, não vale a pena acionar o seguro”, ensina Carlos Valle.
Ele se refere a danos parciais, pois há situações mais complexas. Dependendo do estrago, é possível até declarar a perda total do veículo. Neste caso, a oficina emite um laudo. Se o custo do reparo for superior a 75% do preço de mercado do carro, a seguradora vai ressarcir o proprietário com o valor do automóvel previsto na apólice. Carlos Valle exemplifica como perda total situações em que a queda de galhos podem danificar toda a estrutura do veículo ou um alagamento pode comprometer o funcionamento de sistemas eletrônicos. “Cada caso é um caso. Mas a oficina pode não garantir o perfeito funcionamento do automóvel depois do conserto feito por conta da extensão dos danos. E isso já pode caracterizar a perda total”, diz o corretor.
Uma situação mais comum do que se imagina nesta época de inverno é a ocorrência do calço hidráulico. Essa situação acontece quando o motorista atravessa uma via alagada e o motor para de funcionar, como se tivesse “travado” e não se consegue mais dar a partida. Isso acontece quando o motor “suga” a água do alagamento, provocando danos graves nas peças internas. Pode ser de um alagamento na rua ou em casos de enchente com uma invasão da água.
O consultor automotivo Alexandre Costa lembra que o conserto de um motor com calço hidráulico de um modelo popular não sai por menos de R$ 2 mil, naqueles casos mais simples. O valor máximo nem se pode ser estipulado porque o reparo pode ser inviável, dependendo da situação e do modelo sinistrado, sem falar que o tempo do serviço de um automóvel na oficina facilmente passa de uma semana.
IMPORTÂNCIA
É nessa hora que muita gente vê a importância de ter um seguro total. Em caso de imersão do veículo na água, por enchente ou alagamento de uma garagem subterrânea, por exemplo, outros componentes do carro podem ficar comprometidos. Só que aqui cabe a ressalva e o especialista pede atenção ainda para a definição de quem é a responsabilidade pelo dano que o veículo sofreu. Se uma árvore que está na calçada cai sobre o carro, a Prefeitura pode ser acionada para pagar o estrago (ver matéria abaixo). Se a garagem de um prédio sofreu alagamento é o condomínio que deverá ser responsabilizado”. Nestes casos, explica Valle, o dono do veículo ainda pode recorrer ao seguro, mas sabendo que irá arcar com franquia e vai perder o bônus (desconto dado pelas seguradoras no momento da renovação do contrato para quem não utilizou o seguro nos últimos 12 meses). E lembra: em qualquer caso, a primeira pessoa que deve ser procurada é o seu corretor de seguros.