Paulo Câmara terá ajuda do BNDES para 'privatizar' unidades de conservação ambiental em Pernambuco

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jamildo

Publicado em 12/01/2021 às 15:00
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A palavra "privatização" é considerada um "palavrão" na esquerda brasileira. Como já escreveu o colunista Igor Maciel, Dilma (PT) e Paulo Câmara (PSB) preferem usar a expressão "concessão administrativa" no lugar da palavra "privatização", mas na prática é a mesma coisa.

Pois bem.

A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano está contratando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para assessorar Governo do Estado no "apoio, avaliação, estruturação e implementação de projetos, visando à concessão de serviços públicos de apoio à visitação, à revitalização, à modernização, à operação, à manutenção dos serviços turísticos nas unidades de conservação" de Pernambuco.

Ou seja, a "privatização" das unidades de conservação ambiental do Estado.

O contrato com o BNDES já foi assinado em 24 de dezembro, véspera do Natal de 2020.

A escolha da assessoria do banco do Governo Federal foi feita sem licitação, por inexigibilidade.

Segundo consta no contrato, o Governo de Pernambuco poderá pagar até R$ 2,9 milhões ao BNDES pela assessoria.

O BNDES, através de seu corpo técnico, é conhecido por prestar "serviços especializados" em privatizações.

Não é a primeira vez que o Governo de Pernambuco usa a expressão "concessão administrativa" para privatizar bens públicos do Estado.

 

LEIA A COLUNA DE IGOR MACIEL PUBLICADA NO JC EM JULHO DE 2020:

Não é de hoje que a esquerda brasileira pratica a eufemização do necessário para não acabar sendo acusada de fazer o que geralmente acusa nos adversários. Um exemplo disso é a tal da "concessão".

Na prática, a expressão é usada para fingir que não estão privatizando algo. Dilma Rousseff (PT) foi um exemplo.

Depois de críticas e mais críticas ao que os petistas chamavam de "privataria tucana", a presidente precisou privatizar aeroportos. Chamar de que?

A solução foi usar um nome diferente. E "concessão administrativa" passou a ser algo "progressista, de esquerda e muito inteligente. Uma verdadeira inovação", enquanto privatização era "coisa de quem queria vender o Brasil para os capitalistas".

Na prática, é a mesma coisa.

O jogo de palavras segue até hoje. Inclusive em outros partidos, como o PSB.

Experimente falar, perto de um socialista em Pernambuco, na possibilidade de privatizar a Eletrobrás, que serve para indicações políticas. Em milésimos de segundo uma forte reação será observada, acompanhada de discursos sobre "vender as águas brasileiras e privatizar os rios".

O argumento é uma sandice em forma e conteúdo.

Mas, o governador Paulo Câmara (PSB) resolveu entregar para a iniciativa privada, os tais capitalistas, a administração de 26 terminais integrados da RMR e das estações de BRT.

Para esta sexta-feira (24) já estava marcada uma audiência pública sobre o assunto, obrigatória para que se realize uma privatização.

A grosso modo, trata-se da privatização do sistema BRT no Estado, onde ele funciona na RMR.

Claro, ninguém está chamando de "privatização".

O nome, no papel, é uma bonita homenagem a Dilma: "concessão administrativa".

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