Após rejeição ao voto impresso, parlamentares cobram a Bolsonaro discussão sobre desemprego e inflação
PEC do voto impresso foi rejeitada pelo plenário da Câmara dos Deputados.
Deputados federais contrários à proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, rejeitada pelo plenário da Câmara nesta terça-feira (10), cobram agora discussão sobre combate ao desemprego e à inflação.
Três parlamentares contrários ao voto impresso ouvidos pelo Blog saíram em defesa do sistema eleitoral brasileiro, que tem votação eletrônica e auditável, e observam falta de prioridade nas discussões provocadas pelo governo em meio à pandemia de covid-19.
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"Votamos contra (o voto impresso) por entender que temos um dos melhores sistemas eleitorais do mundo, onde muitos países desenvolvidos vêm aqui conhecer as nossas urnas eletrônicas, e, desde a origem, nunca houve uma fraude, é um sistema auditável, é uma referência. Em deferência às instituições, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), votamos não ao voto impresso por entender que nesse momento nosso gasto de energia tem que ser em ampliar a vacinação, combater o desemprego e a inflação", disse o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos).
Em maio, o desemprego atingia 14,8 milhões de pessoas no Brasil, com uma taxa de 14,6%. Já a inflação acumula, segundo dados do IBGE divulgados nesta terça, alta de 4,76% no ano e 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses.
Para o deputado Danilo Cabral (PSB), o voto impresso foi uma "cortina de fumaça" criada para subtrair o debate sobre a melhoria das condições econômicas da população brasileira.
"O mais importante é que a democracia saiu fortalecida e temos que voltar as atenções para o que é relevante para a população brasileira. Essa cortina de fumaça surgiu para que a gente tirasse do olhar da população brasileira a crise que estamos vivendo, para que a gente discutisse a vacina, o auxílio emergencial, a geração de emprego, que são os desafios verdadeiros do povo brasileiro", disse Danilo, que avaliou como esperado o resultado da votação, com 229 votos a favor (eram necessários 308 para aprovação) e 218 contra o voto impresso. "O resultado final não nos surpreende. Todas as projeções apontavam três cenários, o primeiro que a proposta não teria os 308 votos necessários para alteração da Constituição Federal, a segunda que a gente teria sim abaixo disso uma disputa acirrada entre os que votariam favorável e os que seriam contra, e que, por fim, a gente teria um elevado índice de abstenção ou ausência. Isso também em função sobretudo da pressão que foi intensificada pelas redes sociais, muitos que queriam votar contra terminaram por se abster ou ficarem ausentes da votação", frisou.
Túlio cobra renúncia dos favoráveis ao voto impresso
Já Túlio Gadêlha (PDT) afirmou que o placar da votação do voto impresso na Câmara foi uma resposta do Parlamento aos erros do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia de covid-19. O pedetista cobrou renúncia dos parlamentares favoráveis ao voto impresso no plenário.
"Um derrota para Bolsonaro, ele hoje tem grande parte dos deputados na sua base aliada, leiloou ministérios e abriu espaço para entrada do Centrão do governo. É uma derrota dele, reflexo do derretimento, das decisões negacionistas que ele tem tomado como presidente, da falta de comando do país, da falta de decisões razoáveis na gestão da pandemia. Mas sim é impressionante ver que 229 votaram a favor do voto impresso. Inclusive, se esses deputados que desconfiam das urnas fossem coerentes deveriam renunciar aos seus mandatos. Foi um número expressivo, mas também foi uma resposta do Parlamento ao presidente Jair Bolsonaro", disse Túlio.