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Auxílio Brasil distribui renda ou angaria votos?

"Todo programa de distribuição de renda reverte votos e estamos perto de um ano eleitoral", diz o advogado Alessandro Azzoni

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Jamildo Melo

Publicado em 28/08/2021 às 12:18 | Atualizado em 28/08/2021 às 12:21
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Para substituir o Bolsa Família, criado em 2004, no governo Fernando Henrique Cardoso, o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional a Medida Provisória (Mp) nº 1.061, criando o Auxílio Brasil.

Mais encorpado, o novo programa vai integrar várias políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda.

Além de mais abrangente, o novo programa propõe aumento do benefício a ser pago às famílias, ainda sem definição. Fala-se em 50% de reajuste do atual benefício, saindo de R$ 189,00 para R$ 283,00, em média.

Para Alessandro Azzoni, advogado, mestre em direito e economista, criar um programa sem um valor determinado é um problema.

Ele lembra que o governo precisa avaliar se o montante cabe no orçamento, sem esquecer o déficit já criado com o auxílio emergencial.

"O governo tem que optar por aquilo que ele pode pagar, sem criar novos impostos", avalia.

Algo que chama a atenção no novo programa é o microcrédito. Nele, o beneficiário poderá comprometer até 30% da sua renda com empréstimo pessoal consignado.

Para o advogado, apesar de parecer um contrassenso, trazer essas pessoas para a área de crédito é mais uma ação de inclusão.

"Com a garantia do recebimento, os bancos comerciais vão se interessar por esses clientes", pondera.

Ainda vivendo as consequências da pandemia, principalmente na economia, seria esse o momento para o governo lançar um plano com tamanha abrangência, sem valor e financiamento definidos?

Azzoni entende que, no atual momento, em que muitas famílias ainda não recuperaram emprego e poder de compra, o novo auxílio seria uma maneira de manter o pagamento do auxílio emergencial, mas com uma outra conotação.

"Todo programa de distribuição de renda reverte votos. Estamos às vésperas de um ano eleitoral. Talvez, propor tal programa agora possa ser até uma estratégia para reverter votos".

Outra observação é a mudança no nome do programa. Mesmo sendo ampliado, ele não vê essa necessidade.

"O Bolsa Família é um programa do Brasil, que funciona com dinheiro público, para distribuição de renda para famílias pobres e abaixo da linha da pobreza. Ele deu resultado e é eficiente. Não vejo necessidade em mudar para identificar o autor", conclui Azzoni.

 

 

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