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Pernambuco vence disputa e ganha Escola de Sargentos do Exército

O desfecho ocorre no mesmo dia em que o presidente Bolsonaro fez visita para inaugurar obra inacabada em Sertânia

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Jamildo Melo

Publicado em 21/10/2021 às 20:30 | Atualizado em 28/10/2021 às 14:57
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O ministro do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira bateu o martelo e escolheu Pernambuco para o mais importante projeto de alocação de mão de obras para os próximos anos. O comunicado foi feito no mesmo dia em que o presidente Bolsonaro esteve em Sertânia, para inaugurar obras hídricas com ataque aos socialistas.

Trata-se de um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão, com 2,4 mil oportunidades para os jovens. O novo empreendimento vai gerar um novo eixo de desenvolvimento na área de Abreu e Lima e São Lourenço da Mata.

Campo das Princesas
Paulo Câmara agradeceu ao comandante Paulo Sérgio Nogueira e ao seu Estado Maior pelo profissionalismo de todo o processo - Campo das Princesas

O governador Paulo Câmara (PSB) se comprometeu a investir mais de R$ 300 milhões em infraestrutura, para receber a nova escola. Ele deve divulgar o feito nas redes sociais ainda hoje e já começou a avisar aos parlamenatres que trabalharam pela vinda do empreendimento, como Augusto Coutinho.

“Quero agradecer ao comandante Paulo Sérgio Nogueira e ao seu Estado Maior pelo profissionalismo de todo o processo, assim como o empenho de todo o nosso time e da bancada pernambucana no Congresso Nacional, que muito contribuiu para mais essa vitória”, destacou Paulo Câmara, nesta quinta, por meio de nota ao blog.

MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL
O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira iniciou sua agenda em Pernambuco nesta segunda-feira (19), mas encontro com o governador é amanhã - MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL

Em abril deste ano, o Estado se colocou à disposição para receber o estabelecimento de ensino militar, que prevê um investimento de R$ 323 milhões e um impacto positivo inicial para aproximadamente 10 mil pessoas.

No ofício, datado desta quinta 21 de outubro de 2021, o general Paulo Nogueira agradece o apoio de todas as autoridades do Estado e parlamentares.

O processo de seleção levou dois anos.

O Governo de Pernambuco também se dispôs a doar um terreno de mais de 150 hectares para que o Exército construa um complexo logístico, com valor estimado em R$ 79 milhões, na área da Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata. Serão investidos ainda mais R$ 3,2 milhões na aquisição e disponibilização de uma área de cinco hectares, destinada à construção do Centro de Convivência e Bem-Estar que servirá à nova Escola de Sargentos.

Exército brasileiro
O ofício de Paulo Nogueira, comunicando a escolha de Pernambuco - Exército brasileiro

Na carta a Paulo Câmara, Paulo Nogueira conta que o Alto Comando das Forças Armadas foi ouvido e escolheu Recife como sede da nova escola, além de fazer referência à Batalha dos Guararapes, como berço do Exército Brasileiro.

No encerramento do memorando, o general cobra que as ações combinadas sejam levada a cabo, para evitar o risco de que as outras cidades não voltem a ser consideradas. Os militares não citam Arco Metropolitano, mas esta obra foi prometida para a empresa Jeep e nunca saiu do papel. Nos últimos anos, até ambientalistas começaram uma campanha contra o novo cinturão de desenvolvimento.

Das 13 cidades concorrentes ao projeto no país, apenas Abreu e Lima (PE), Santa Maria (RS) e Ponta Grossa (PR) estavam na disputa para sediar a escola de sargentos, na reta final.

 

Divulgação
Maquete da nova escola - Divulgação

Estrutura

O projeto inclui a construção da escola, de uma vila olímpica, de uma vila militar e estande de tiro dentro da área do campo de instrução. A previsão é que se candidatem para a escola, por ano, 140 mil pessoas de todo o Brasil. O efetivo militar da escola, incluindo familiares, é de 10 mil pessoas.

Além das seis armas, a nova escola do Exército irá formar militares do Quadro de Material Bélico, Serviço de Saúde, Música, Topografia e Aviação do Exército. A projeção é que se tenha em torno de 2,4 mil alunos e um corpo docente e apoio com 1.8 mil militares. A folha de pagamento prevista é de R$ 100 milhões.

Atualmente, a Escola de Sargentos de Carreira possui dois campos de instrução em Minas Gerais. É uma instituição de ensino de nível superior, responsável pela formação e graduação de sargentos combatentes de carreira das armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações.

A nova Escola também formará militares do quadro de Material Bélico, Serviço de Saúde, Música, Topografia e Aviação do Exército.

 

Augusto Coutinho
Nordeste foi ao comandante do Exército afirmar que está unido por Pernambuco. região é esquecida pelos militares - Augusto Coutinho

Bancada pernambucana ganha apoio do Nordeste para instalação de Escola de Sargentos no estado

No dia 16 de setembro, com exclusividade, o blog revelou que os deputados federais de Augusto Coutinho (Solidariedade) e Wolney Queiroz (PDT), coordenadores da bancada pernambucana no Congresso, iniciaram uma mobilização política na região Nordeste pela instalação da nova Escola de Sargentos das Armas do Exército (ESA) no município de Abreu e Lima, no Grande Recife.

Os dois participaram de uma reunião, em Brasília, com o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, atual comandante do Exército, que teve a presença de parlamentares dos estados da Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Como Pernambuco é o único estado da região a disputar a instalação da escola, essa pauta tornou-se uma bandeira do Nordeste.

“Essa união de forças só vem somar para Pernambuco. A Escola de Sargentos é muito importante para nossa economia, já que representa um investimento da ordem de R$ 1 bilhão, e para nossa juventude. Serão 2,4 mil oportunidades para os jovens do nosso estado e de toda a região que queiram seguir carreira militar”, destacou o deputado Augusto Coutinho.

Além dele e do deputado Wolney Queiroz, participaram os coordenadores de bancada e deputados Pedro Lucas Fernandes (Maranhão), Átila Lira (Piauí), Bosco Costa (Sergipe) e Benes Leocádio (Rio Grande do Norte). O coordenador da bancada do Nordeste, Júlio César (Piauí), e os deputados Marcelo Nilo (Bahia) e Ruy Carneiro (Paraíba), também representaram seus estados.

“É uma escola de grandes dimensões e sua área deve abranger, além de Abreu e Lima, municípios como Paudalho, Tracunhaém, Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço e Igarassu”, destacou Augusto Coutinho, lembrando que a área construída compreende 1.235 km dentro do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC).

“O governador Paulo Câmara também tem dado uma contribuição importante, com garantias de acessos viários e a infraestrutura necessária para a instalação da ESA”, disse o deputado.

Trabalho de convencimento e diferencial na educação

O governador Paulo Câmara participou, na terça-feira 20 de julho), de uma reunião com o comandante do Exército, general de Exército Paulo Sérgio Nogueira; o comandante militar do Nordeste, general Marco Antônio Freire Gomes; e mais três oficiais-generais do alto comando, para discutir os próximos passos da instalação da nova Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco.

Com as negociações concretizadas, o estabelecimento vai gerar um impacto econômico positivo para o Estado, com a criação de novos empregos e estímulo ao desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife, além de sediar uma instituição de ensino de nível superior de referência para jovens de todo o País.

Na época, o governador afirmava que a escola representa um fator de desenvolvimento social e econômico, alavancando ainda uma área que Pernambuco preza muito: a educação.

“Temos os cursos técnicos, os alunos, as famílias que vão vir acompanhar todo esse processo, e isso gera um avanço das cidades que vão ser contempladas, caso o projeto seja instalado aqui. Apresentamos contrapartida no âmbito de estrutura de estradas, infraestrutura hídrica, esgotamento sanitário, além da questão da conectividade, para receber esse empreendimento onde vai circular tanta gente”, afirmou Paulo Câmara.

Dos 16 municípios do País que se dispuseram a sediar o empreendimento, somente três ainda estão na disputa: Ponta Grossa (Paraná), Santa Maria (Rio Grande do Sul) e Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.

“Aspectos como infraestrutura, áreas de saúde, educação e acessibilidade à área contam muito, porque teremos gente do Brasil todo. Hoje, tive a oportunidade de ver como é o projeto do Governo do Estado, e saímos da reunião muito otimistas. Estou muito satisfeito com o que vi, com a segurança e o engajamento do poder público. Tenho um alto comando que me ajuda a decidir e vamos trabalhar nos próximos dois meses pra definir o melhor futuro para este projeto”, disse o comandante do Exército, General Paulo Sérgio Nogueira.

Participaram da reunião os secretários estaduais Humberto Freire (Defesa Social), Fernandha Batista (Infraestrutura e Recursos Hídricos), Alexandre Rebelo (Planejamento e Gestão), Gilberto Freyre Neto (Cultura) e Coronel Carlos José Viana (Casa Militar); Também estiveram presentes o comandante militar do Nordeste, general Marco Antônio Freire Gomes; o chefe do Estado-Maior do Exército, general Marcos Antônio Amaro; o chefe do departamento de Engenharia e Construção do Exército, general Júlio Cesar de Arruda; e o chefe do departamento de Educação e Cultura do Exército, general André Luís Novaes.


Santa Maria fica triste

O prefeito de Santa Maria Jorge Pozzobom disse aos jornais locais que recebeu a notícia com muita tristeza. Ele disse que acata a decisão, porém não concorda, porque a cidade pernambucana não tem a mesma presença do Exército que Santa Maria, que sedia várias unidades militares e tem o segundo maior contingente militar do Brasil.

- Santa Maria está tecnicamente preparada com todos os requisitos. Recife não tem nada. Só Ponta Grossa tem algo parecido com o que temos aqui - avalia.

Pozzobom não quis comentar sobre o peso político da decisão. Ele ainda ressaltou que a cidade está de parabéns pela campanha que fez por mais de um ano pela vinda da ESA.

Em nota, o governo do Estado afirmou, em nota, que Santa Maria tinha todas as condições para sediar a ESA e que "disputava a escolha com a mais absoluta qualidade técnica até a fase final de decisão". O texto ainda lamenta a decisão, já que Estado e município "trabalharam muito para receber o projeto, mas deseja que o Exército alcance todos os objetivos".

O Exército Brasileiro, também em nota, agradeceu o empenho de instituições públicas e privadas de todas as cidades e estados envolvidos no processo. Segundo o texto, foram visualizados benefícios para a nova sede da escola, entre os quais estão o aumento da oferta de empregos diretos e indiretos, além do incremento na atividade econômica local. A cidade escolhida, segundo o Exército, será referência nacional e internacional na formação do efetivo profissional de sargentos.

Em entrevista, o general de divisão da reserva do Exército Brasileiro, Joarez Alves Pereira Junior, que realizou as visitas técnicas as três cidades que competiam pela ESA afirmou não saber o motivo da escolha:

- Eu fiz todo o estudo. Apresentei tudo das três localidades que estavam na disputa. Todos os aspectos, os pontos mais fortes e algumas vulnerabilidades de cada local, mas todos eles lógico que tinham condições de receber a nova escola. Agora, eu não tenho como dizer o que se passou no Alto comando do Exército e no comandante para a escolha dele. Até porque não me foi dito a razão. Ele avaliou todos os aspectos técnicos e eu acho que, para ele, por algum motivo pesou mais a questão de Recife.

O presidente Jair Bolsonaro comunicou, por meio de uma live no Facebook, que o Alto Comando do Exército decidiu, por critério técnicos, que a futura Escola de Formação de Sargentos (ESA) será em Recife (PE). De acordo com o anúncio nas redes sociais, o Comandante do Exército e o Presidente da República estão de acordo com a decisão. Em nota, o Exército confirmou a escolha.

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