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Câmara de vereadores terá comissão especial sobre retomada do carnaval 2022

Festa está cercada de polêmica por conta do vírus ainda em circulação

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Jamildo Melo

Publicado em 29/11/2021 às 10:45 | Atualizado em 29/11/2021 às 12:21
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Durante a reunião Ordinária da Câmara do Recife desta segunda-feira, 29 de novembro, foi votado o requerimento nº 12427/2021 de autoria do vereador Marco Aurélio Filho (PRTB), para a instalação de uma Comissão Especial que vai discutir a retomada do carnaval 2022 e demais eventos de grande porte na capital pernambucana. A comissão já será instalada nesta terça-feira, no começo da tarde.

A reunião ocorreu nesta manhã de segunda, de forma virtual através do YouTube da Câmara do Recife.

Aprovada a comissão, ficaram na comissão Marco Aurélio Filho (PRTB), Ana Lúcia (Republicanos), Alcides Cardoso (DEM), Chico Kiko (PP), Marcos di Bria Júnior (PSB), Ivan Moraes (PSol) e Zé Neto (Pros).


A iniciativa tem como principal objetivo avaliar a viabilidade sanitária e econômica para realização de festas de grande porte, como a dos festejos de momo.

“Enquanto Poder Legislativo e representantes do povo do Recife, é de fundamental importância que participemos de toda e qualquer tomada de decisão. Nosso dever é fiscalizar, acompanhar e inclusive apontar alternativas que possam ajudar a Prefeitura do Recife nestas e outras decisões de interesse da cidade”, afirmou Marco Aurélio Filho, que já adiantou está em contato com membros da Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara de Salvador e da Comissão Especial de Carnaval da Câmara do Rio de Janeiro, que por sua vez é uma das cidades do país que decidiu manter o plano de festas de réveillon e carnaval.

A pressão pela liberação maior vem das atividades informais e dos artistas, que foram prejudicados com a parada das atividades. 

Os empresários estão cautelosos.

"O mpp (Movimento Pró-Pernambuco) ainda não tem posição de consenso. Mas os indicativos a princípio são de que ainda temos que ter cautela e esperarmos mais informações para tomarmos uma decisão se deve ou não ser liberado o Carnaval de rua. Já o Carnaval controlado, com protocolos, a gente acha que segue os eventos normais, que poderiam ser continuados. Mas generalizados sem nenhum controle, a gente acha que ainda não é um momento para decidir. Como está ficando muito em cima, talvez inviabilize a própria operação do Carnaval", afirma o presidente do Movimento Pro-Pernambuco, Avelar Loureiro Filho.


De acordo com os vereadores, a frente de trabalho tem o objetivo de acompanhar, fiscalizar e avaliar a viabilidade sanitária e econômica para realização não apenas da festa de momo, mas também do São João de 2022 bem como demais eventos de grande porte de acordo com as orientações técnicas e científicas disponíveis.

Devido a pandemia do novo Coronavírus, que impõe medidas duras de distanciamento social, por dois anos não foi possível a realização dos festejos juninos, enquanto o carnaval, uma das principais festas do calendário recifense, ficou proibido no ano passado. A data além de ser de grande importância cultural, tem um papel fundamental para a economia da cidade.

De acordo com o setor de Estudos e Pesquisas da Empetur (Empresa de Turismo de Pernambuco), a receita turística no período do carnaval de 2019 alcançou a marca de R$ 2,3 bilhões de reais, além de milhares de empregos diretos e indiretos que foram gerados.

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FRENTE Marco Aurélio Filho quer discutir cenários - DIVULGAÇÃO

Realização do Carnaval 2022 exige um debate técnico e racional, defende ABRAPE, em São Paulo

Para Doreni Caramori Júnior, empresário e presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, misturar aglomerações de rua sem capacidade de controle a eventos que monitoram vacinados e/ou testados é solução irresponsável, simplista, injusta e até ilegal

A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos - ABRAPE defende que os poderes públicos abram um diálogo técnico e racional amplo sobre a realização do Carnaval 2022. “Qualquer debate sobre o tema deve acompanhar o processo de retomada das atividades de cultura e entretenimento que já está em andamento nos estados, além das particularidades dos tipos diferentes de eventos, turismo e festas de Carnaval. Há evento público, evento privado em espaço público, evento privado em espaço privado. A discussão não pode ser simplista e com generalizações”, explica Doreni Caramori Júnior, empresário e presidente da ABRAPE.

Ele defende que haja um debate franco nos 27 estados e os municípios interessados em regulamentar o tema com critérios objetivos, definindo o que é possível fazer em cada local. “Estamos em um cenário onde o país avança com a imunização em massa, com desempenho melhor até do que EUA e países da Europa. Os eventos e outras atividades que reúnem grande fluxo de pessoas, como shoppings e aeroportos, não têm que sofrer restrições. O que deve ser discutido são os protocolos, respeitando as projeções locais e os tipos de Carnaval, que vai desde bailes com mil, cinco mil pessoas, em espaços particulares, até festas de rua para um milhão de pessoas.”, destaca.

Doreni utiliza dados científicos como argumento. Em especial o Radar de Eventos do Brasil, uma iniciativa inédita da ABRAPE que cria um índice seguro e data exata para a retomada das atividades, cruzando dados atualizados e projetados do panorama geral de vacinação e número de vítimas da Covid-19. “Pelo estudo, os eventos de cultura e entretenimento já têm segurança para serem realizados desde setembro no Brasil. Comprova, também, que eventos já realizados não tiveram impacto no número de casos onde foram realizados. Temos, atualmente, uma média de 40 novos casos por milhão de habitantes, o que significa o impacto da imunização e legitimidade da retomada das atividades”, explica.

Politização De acordo com estimativas da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), cerca de R$ 8 bilhões deixaram de circular na economia com o cancelamento das festas de Carnaval e deixaram de gerar 25 mil empregos temporários em janeiro e fevereiro, no país, em 2021. “Os números mostram, portanto, que o debate não pode ser feito com generalizações. Muitas decisões de cancelamento estão sendo, muitas vezes, populistas. Há locais, também, onde as prefeituras não têm orçamento para realizar as festas e que usam a proibição como justificativa”, afirma o presidente da ABRAPE.

Doreni completa: “Temos confiança de que o processo de retomada não sofrerá retrocessos. Com racionalidade, os temas técnicos que sustentam a retomada das atividades não serão substituídos por decisões monocráticas e populistas. Acreditamos na sensibilidade dos poderes públicos para que não tomem decisões simplistas que atrasem este processo que está em andamento. Pedimos, também, que todos se vacinem e se envolvam na divulgação das campanhas de imunização para garantir a segurança de toda a sociedade e de quem vai aos eventos”.

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