DOR DE CABEÇA

Cachorro fica preso em aeroporto internacional depois empresa aérea perder documentos; saiba o motivo

Jack possui dermatite atópica e precisa tomar remédios periodicamente

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Paloma Xavier

Publicado em 04/02/2022 às 15:12
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Com informações da Revista Casa e Jardim

Se mudanças podem causar dor de cabeça, imagine mudanças para outro país. Durante a mudança para Londres, um casal de brasileiros teve uma tremenda dor de cabeça para transportar seu cão, Jack. Os tutores do bull terrier descobriram que a companhia aérea KLM perdeu a documentação do cão durante o transporte. Sem os documentos necessários para a liberação do animal no país, o pet está preso em um centro de recepção animal internacional, e os seus tutores não conseguem acessá-lo.

A jornalista Bruna Estevanin Costa, tutora de Jack, foi expatriada pelo seu trabalho e transferida para Londres, na Inglaterra. Ciente de que enfrentaria uma burocracia para transportar seu cão para o exterior, ela tratou de iniciar o transporte animal com quatro meses de antecedência.

"O Reino Unido tem uma política que só permite a entrada de animais como carga e, por conta da pandemia, a única empresa que está fazendo este transporte é a KLM. Então eles têm o monopólio de mercado e custa bem caro: US$ 4.000 (cerca de R$ 21.000) só para um animal", explicou Bruna.

Bruna e seu marido, Diego Augusto Ximenes, até contrataram uma empresa especializada em exportação e embarque de animais. Providenciaram todos os documentos necessários para a viagem do cão - que deveria ocorrer no dia 26 de janeiro de 2022. Entretanto, uma semana antes da viagem, a companhia aérea KLM contactou os tutores e disse que a raça bull terrier não era aceita no país. Posteriormente admitiram que estavam errados.

E os erros não acabaram por aí: A companhia aérea afirmou que o bull terrier era uma raça perigosa e que Jack deveria ser transportado em uma caixa de madeira com medidas específicas. Então, o casal tratou de providenciar a caixa rapidamente.

No dia da viagem, então, Jack foi ao aeroporto de Guarulhos (São Paulo) e esperou 4 horas para a liberação alfandegária do Ministério da Agricultura.

"Mas, na hora de embarcar, a KLM disse que a gente teria que mandar as medidas da caixa para eles confirmarem o voo. Falaram que ela não estava nas medidas corretas e que o Jack não poderia viajar. Este foi o segundo problema", relata a tutora.

O casal teve que esperar mais uma semana para receber as novas medidas indicadas pela empresa e fazer a nova caixa de madeira.

Nesse meio-tempo, Diego teve de realizar a sua viagem, que já estava marcada. Jack ficou então aos cuidados de uma empresa. No dia 31 de janeiro, a KLM confirmou a viagem.

"Nos deram uma terceira medida de caixa transportadora. Fizemos a caixa; temos vídeos dela e de todos os documentos dele acoplados com fita adesiva em cima da caixa de transporte, junto com ração, remédio e todas as coisas que o Jack deveria tomar durante a viagem", conta Bruna.


O bull terrier, finalmente, conseguiu embarcar no dia 1 de fevereiro - quase uma semana depois da data inicial - em direção a Amsterdã, na Holanda. Lá Jack passou 8 horas em uma conexão antes de partir para Londres.

Mas quando o cão chegou à capital inglesa, Bruna e Diego não conseguiram ter acesso a Jack porque a empresa aérea perdeu os documentos que estavam colados na caixa de transporte. Sem eles, o cachorro não pode ser liberado no país. Ou seja, mais uma dor de cabeça.

A tutora ficou apreensiva com mais um problema no transporte. "Além de estarmos sem registro dele há 48 horas, não sabemos como está, se está sendo bem tratado, se deram comida… não temos ideia do que está acontecendo, ninguém da KLM nos responde. Eles não conseguem encontrar esses documentos. E o que me dá mais raiva é que uma amiga passou pela mesma situação há seis meses com a KLM, que perdeu os documentos de duas de suas cachorras. Elas ficaram na mesma situação do Jack por 5 dias", disse Bruna no dia 2.

O caso da amiga de Bruna, segundo a jornalista, só foi resolvido depois que a ativista Luísa Mell denunciou o caso no Twitter. A amiga ainda entrou com uma ação contra a companhia aérea.

"Claramente não aprenderam nada. Estamos revoltados com o tratamento da KLM e com o fato deles cobrarem tão caro por um serviço que eles não conseguem entregar", conta.

A situação de Jack era ainda mais delicada porque o pet possui dermatite atópica e estava sem remédios há mais de 48 horas. Animais com essa condição sentem muita coceira e podem se machucar.

"Já estávamos mega apreensivos porque houve aquele caso da cachorrinha que desapareceu na conexão de um voo no Brasil e dois cachorros que morreram com a LATAM. É muito absurdo os animais serem tratados como bagagem, não faz sentido e vai contra qualquer tipo de direito animal”, reclama Bruna.

A tutora também diz que buscou ajuda inglesa: “Eu estou entrando em contato com ONGs aqui no Reino Unido para ver se a gente consegue fazer alguma coisa e mudar um pouco da conduta que as companhias aéreas têm que ter com o transporte de pet."

Na quinta-feira (3), os documentos de Jack foram encontrados em Amsterdã e foram enviados para o Reino Unidos, com previsão de entrega às 22 horas do horário local. O pet deve então passar mais uma noite no centro de retenção, já que o Department for Environment, Food & Rural Affairs (o equivalente ao nosso Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento) não trabalha 24 horas por dia.

"Eles não me deram notícias, só que estava sendo bem tratado, e me prometeram fotos e vídeos. Sigo aguardando", se queixou Bruna.

A tutora conseguiu entregar o remédio e a ração de Jack no aeroporto ainda na quinta-feira. Os documentos extraviados também chegaram a Londres.

Mas a dor de cabeça ainda não tinha acabado. "Existe uma regra para importação e exportação de animal. É bem complexa, mas basicamente diz que você precisa microchipar o animal, dar a vacina anti-rábica e, 30 dias depois, fazer uma sorologia para comprovar que o cachorro não tem raiva, já que aqui é um lugar livre da doença. A gente fez isso, seguiu todas as orientações da Embarpet – a empresa que contratamos para nos auxiliar nessa documentação. Eles passaram as datas de quando tudo teria que ser feito; fizemos tudo direitinho e entramos com o pedido da documentação internacional com o nosso ministério", relata Bruna.

Apesar da revisão da empresa de embarque de animais e aprovação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, a Agência de Saúde Animal e Vegetal do Reino Unido (APHA) afirmou que havia apenas 29 dias de intervalo entre a vacina tomada pelo bull terrier e a sorologia feita - um dia a menos do que o determinado.

Jack teria então duas opções: ser deportado ao Brasil ou passar três meses em quarentena em uma instituição local.

"Isso é inaceitável. Foi um erro grotesco da empresa Embarpet, que se diz especialista nisso, além do erro do nosso Ministério que aprovou a documentação. É também um erro novo da KLM, que revisou os documentos e trouxe o Jack para cá. É um pesadelo que eu nem sei explicar", declarou Bruna.

Bruna e Diego decidiram então que Jack ficaria na quarentena em um centro determinado pelo governo local. Eles temiam que, além do estresse já passado, houvesse um custo adicional para enviar o pet ao Brasil e não ter a certeza de que ele conseguiria voltar a Londres. O casal pode visitar o animal no centro por duas horas todos os sábados.

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