As obras que prometem revolucionar a estética e a mobilidade da Avenida Conde da Boa Vista, um dos principais eixos viários do sistema de transporte público não só da capital, mas de toda a Região Metropolitana, vão começar no início de abril – provavelmente no dia 2 – e demorar mais do que o previsto. Antes, a estimativa da Prefeitura do Recife era realizar toda a requalificação – orçada em R$ 15 milhões – em dez meses. Mas agora serão necessários entre 18 e 20 meses. Haverá muitas interdições ao longo do corredor, o que terá impacto direto na circulação da região, exigindo um plano de mobilidade para minimizar os transtornos.
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A prefeitura garante que está tudo pronto, faltando apenas algumas simulações sobre os desvios de trânsito que serão feitos para garantir a circulação no entorno. Dois dos três contratos que compõem a intervenção já estão finalizados, com as licitações concluídas e homologadas. São exatamente as licitações das obras civis, que englobam a requalificação e ampliação das calçadas, a demolição das 14 atuais paradas e a construção das 20 novas, além da drenagem da via. O segundo contrato inclui as obras elétricas, que envolvem a implantação da nova iluminação pública do corredor e a construção de um canteiro central ajardinado com 2.361 metros quadrados, que ocupará toda a via e onde será estruturada a iluminação.
“Estamos, de fato, com tudo pronto e vamos cumprir a previsão que tínhamos dado de iniciar as obras após o Carnaval. Sabemos que o período de chuvas está chegando, mas temos que iniciar porque precisamos de tempo para executar as obras. Optamos por desmembrar um dos contratos em dois para tentar reduzir os valores a serem contratados e deu certo. Conseguimos um desconto de 25% no valor do contrato da iluminação pública e de 10% no das obras civis”, explica o secretário de Infraestrutura e Habitação do Recife, Roberto Gusmão.
Os trabalhos de requalificação e ampliação das calçadas, demolição das atuais paradas e drenagem da via serão feitos pela empresa Guerra Construções, ao custo de R$ 6.377.846,02. Já a iluminação pública ficará sob responsabilidade da Real Energy, ao valor de R$ 2.040.026,36. O valor inicial desse contrato era de R$ 3.142.716,36. O terceiro contrato, que ainda não foi licitado, é referente à construção das duas estações de BRT – cada uma delas com quatro metros de largura e 60 metros de comprimento – que ficarão no canteiro central da via. “Essa licitação será lançada até o fim do mês”, garante Roberto Gusmão.
MOBILIDADE
Os transtornos são certos e a população já deve se preparar para eles. O prazo de execução da obra foi ampliado exatamente para minimizar esse impacto na mobilidade da região. A obra foi dividida em seis etapas, que não serão executadas simultaneamente. Pelo menos é o que garantiu o secretário Roberto Gusmão. “Iremos finalizando as etapas e entregando o trecho para a população. Acreditamos que assim, o impacto será um pouco menor. Porque teremos que executar todos os trabalhos sem parar ou comprometer a operação do transporte público. Deveremos ter algumas restrições para os carros na via, além das que já existem”, disse.
A primeira etapa de obras será no trecho da Avenida Conde da Boa Vista próximo à Rua da Aurora. E a última será nas imediações do cruzamento com a Rua Gervásio Pires, considerado pela prefeitura o principal gargalo do corredor por concentrar os principais problemas: intenso volume de pedestres e a presença desorganizada do comércio informal devido à proximidade com o Shopping Boa Vista. O plano de execução das obras e as estratégias de desvio do trânsito estão sendo finalizados pelo município para serem apresentados numa coletiva de imprensa prevista para essa semana.
AÇÃO NA JUSTIÇA
Mesmo antes de sair do papel, o projeto que vai conceber a nova Conde da Boa Vista já enfrenta um questionamento judicial. Na mesma ação que cobra o cumprimento do Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife (PDC), a Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo) pediu que as obras de requalificação do corredor sejam suspensas porque não contemplam estrutura cicloviária, contrariando o que prevê o próprio PDC para a região. Mas a ação corre na 8ª Vara da Fazenda Pública da Capital sem qualquer previsão de decisão. A solução encontrada pela prefeitura para compensar a ausência de estrutura na via foi implantar uma malha ciclável entre 12 e 14 quilômetros de ciclofaixas (quando a segregação do tráfego não é total, sendo feita com tachões) a ser construída em vias do entorno e que se interligará com a Conde da Boa Vista.