Rua Barão de Souza Leão, em Boa Viagem, será uma das primeiras vias a receber as faixas preferenciais para bicicletas no Recife. Fotos: JC Imagem
Até o fim do ano, a Prefeitura do Recife vai começar a fazer uso das chamadas faixas compartilhadas para as bicicletas em vias da cidade. A proposta, que está sendo fechada pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), prevê a divisão de tráfego entre os veículos motorizados e as bikes nas faixas localizadas à direita das ruas. Nelas, o ciclista terá preferência para circular. É importante destacar que não terá exclusividade, apenas prioridade. O compartilhamento não exige segregação física – como aconteceria no caso de ciclovias e ciclofaixas –, apenas sinalização horizontal e vertical. E um bom entendimento entre motoristas e ciclistas, é claro.
O compartilhamento das vias é algo que tem crescido muito na sociedade. No Brasil ainda é algo novo, mas que começa a ser discutido. As pessoas estão enxergando que as ruas não são mais locais só para os veículos motorizados. Que é preciso dar espaço para o pedestre, o ciclista. As travessias elevadas de pedestres são um exemplo. A presença delas faz com que o motorista vá se acostumando a conviver com o pedestre. Por isso estamos apostando, agora, nas faixas compartilhadas”, Geraldo Júlio, prefeito do Recife
Duas ruas do Recife serão as primeiras a receber as faixas compartilhadas – também definidas como faixas preferenciais para bicicletas. Na Zona Sul, a Rua Barão de Souza Leão, via que conecta importantes corredores de Boa Viagem e da Imbiribeira: as Avenidas Boa Viagem, Conselheiro Aguiar e Domingos Ferreira, com a Avenida Mascarenhas de Moraes. Na Zona Norte do Recife, a via escolhida é a Rua Amélia, nas Graças, que também tem um papel fundamental no escoamento do tráfego que sai do subúrbio para a região central, principalmente para a Avenida Agamenon Magalhães, pulmão viário da capital.
As faixas compartilhadas serão implantadas nas vias com três faixas. A faixa da direita terá velocidade máxima de 30 km/h e ampla sinalização vertical e horizontal indicativa de que a bicicleta, ali, tem prioridade de circulação. As duas faixas paralelas deverão ter 40 km/h ou, no máximo, 50 km/h. “O compartilhamento das vias é algo que tem crescido muito na sociedade. No Brasil ainda é algo novo, mas que começa a ser discutido. As pessoas estão enxergando que as ruas não são mais locais só para os veículos motorizados. Que é preciso dar espaço para o pedestre, o ciclista. As travessias elevadas de pedestres são um exemplo. A presença delas faz com que o motorista vá se acostumando a conviver com o pedestre. Por isso estamos apostando, agora, nas faixas compartilhadas”, afirmou o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB).
João Pessoa, na Paraíba, já experimentou a ferramenta. Perceba que não há separação física, apenas sinalização ostensiva. Foto: Prefeitura de João Pessoa
Presidente da CTTU, Taciana Ferreira rebate o argumento de que as faixas compartilhadas poderão ser vistas pelos cicloativistas como uma solução paliativa à falta de coragem da gestão municipal de tirar, formalmente, o espaço do carro para acomodar a bicicleta. “Ao contrário, é uma forma de conectarmos a nossa malha ciclável, que hoje está em 84 quilômetros e chegará a 100 quilômetros no fim do ano. A ausência de conexão, inclusive, é a principal reclamação dos ciclistas. Com as faixas compartilhadas poderemos fazer essas conexões. E nada impede que, no futuro, essas faixas compartilhadas sejam transformadas em ciclofaixas, por exemplo”, explica Taciana Ferreira.
Campanha educativa é fundamental para orientar motoristas, motociclistas e ciclistas.
Exemplo de folder criado pela Prefeitura de João Pessoa