Prefeitura do Recife firmou um contrato de adoção com uma empresa privada, que ficará responsável por pequenos consertos e manutenção do primeiro trecho da requalificação, entre a Rua da Aurora e a Rua do Hospício. Fotos: Filipe Jordão/JC Imagem
A Avenida Conde da Boa Vista, principal corredor de transporte público do Recife e também da Região Metropolitana, foi adotada pela iniciativa privada. Pelo menos o primeiro trecho que já foi totalmente requalificado pela Prefeitura do Recife, entre a Rua da Aurora e a Rua do Hospício. A decisão do município de incluir o corredor no programa de adoção de áreas da cidade é uma estratégia para garantir a manutenção dos equipamentos urbanos instalados na via, como abrigos de ônibus, lixeiras, floreiras e painéis, que respondem por boa parte do custo total de requalificação do corredor, no valor de R$ 15 milhões.
A empresa que ficará responsável pela manutenção da avenida é a GFC Marketing LTDA, escolhida no chamamento público realizado pelo município para o contrato de adoção. Duas empresas participaram. A adoção não prevê custos para o poder público e tem duração de cinco anos, podendo ser renovada pelo mesmo período. Por manter os equipamentos urbanos, a empresa irá fazer a exploração publicitária de oito painéis estáticos e rotativos instalados no trecho da via. Os equipamentos ficam instalados ao lado das paradas de ônibus e informam a relação de linhas que fazem embarque e desembarque A GFC Marketing LTDA ficará responsável por limpar e fazer pequenos consertos nas 38 módulos de abrigos ônibus, nos painéis que irá explorar, nas 39 floreiras e nas 16 lixeiras do tipo papeleiras instaladas no trecho da via.
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Secretário de Infraestrutura do Recife e a pessoa por trás da parceria, Roberto Gusmão alerta para a importância de a população se apropriar da nova Avenida Conde da Boa Vista para que o contrato de adoção dê certo. “Isso é importante porque o contrato prevê a limpeza e a manutenção dos equipamentos urbanos. Não é a reconstrução de tudo. Caso o vandalismo seja muito frequente, a empresa não conseguirá arcar com a despesa e desistirá da parceria. Por isso pedimos que a sociedade cuide da Conde da Boa Vista e não aceite a destruição dos equipamentos urbanos de qualidade que nós instalamos na via. É fundamental que, além dos passageiros e pedestres que circulam no corredor, os comerciantes da avenida assumam esse papel de preservá-la. Até porque, se a empresa desistir da adoção, o custo de manutenção voltará a ser do município, ou seja, do cidadão”, ensina o secretário.
Roberto Gusmão, aliás, tem razões de sobra para apelar à população porque o corredor já tem sinais de vandalismo – com a pichação do canteiro central, dos vidros das paradas de ônibus e de placas de sinalização – e o custo de manutenção tem impacto nas contas do município. São R$ 9 milhões gastos, em média, por ano com a recuperação de equipamentos e áreas públicas da cidade. Nesse valor está incluída a troca de material e o salário de de 120 reeducandos que atuam no serviço. “Mas nós acreditamos que vai dar certo e que a população vai valorizar a nova Conde da Boa Vista”, afirma o secretário.
Pelo contrato, a GFC Marketing LTDA terá que disponibilizar uma equipe formada por quatro profissionais (com pintor e servente de pedreiro) que fará o monitoramento, limpezas e consertos na via, nos sete dias da semana. Das 7h às 17h é o horário de trabalho de segunda à sexta-feira e das 9h às 15h é a atuação aos sábados e domingos. A inclusão da via no programa de adoção de áreas públicas do Recife só foi possível porque, em 2016, a atual gestão criou a Lei 18.289 que alterou a legislação criada ainda no governo municipal de Jarbas Vasconcelos e que limitava a adoção às praças da cidade. Na mudança, foram incluídos equipamentos urbanos. A intenção da prefeitura, inclusive, é ampliar o projeto para algumas passarelas do município. Atualmente, o Recife tem 104 praças adotadas pela iniciativa privada, das 700 áreas e espaços verdes existentes na cidade. E essa adoção absorve um terço da despesa que a prefeitura tem com a manutenção dos espaços.
Relembre:
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CORREDOR TAMBÉM GANHA CÂMERAS PARA FLAGAR VANDALISMO
Além da adoção pela iniciativa privada, a Prefeitura do Recife ampliou o monitoramento da Avenida Conde da Boa Vista para evitar os atos de vandalismo após a requalificação do corredor, que custará caro e sairá do bolso do contribuinte. Duas câmeras já foram instaladas na via, no cruzamento com as Ruas da União e do Hospício. Os equipamentos gravam toda a movimentação da avenida e funcionam 24 horas, estando ligados diretamente à Central de Controle da Guarda Municipal, localizada na sede da prefeitura, no Cais do Apolo, Bairro do Recife. “Nosso objetivo é, no caso de vandalismo, conseguirmos evitar a ação no momento em que ela acontece. Ou, no mínimo, identificar as pessoas que estiverem envolvidas no ato com a ajuda da nossa guarda e das Polícias Militar e Civil. Estamos investindo dinheiro na contratação dessas câmeras porque queremos minimizar a depredação dos equipamentos novos e de qualidade que oferecemos às pessoas que circulam pela Conde da Boa Vista”, afirma o secretário de Infraestrutura do Recife, Roberto Gusmão.
Todo o corredor receberá câmeras, que serão instaladas após a conclusão das etapas da requalificação. O aluguel de cada câmera custa R$ 610 por mês. O corredor, segundo Roberto Gusmão, já tem outros trechos monitorados pela Secretaria de Defesa Social (SDS) e conta com a fiscalização realizada pelos equipamentos de trânsito da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU). “Também vamos buscar parcerias com o comércio. Queremos que todos se apropriem dos novos equipamentos para preservá-los. Temos que combater o vandalismo. As pessoas precisam denunciar esses atos”, enfatiza Gusmão.
Já há, inclusive, um vídeo de um princípio de incêndio de uma das lixeiras coletivas instaladas na avenida recentemente, provocado por vândalos, e que foi controlado pelos comerciantes da área. Quem quiser denunciar atos de vandalismo pode ligar para o número 153, que dá acesso à Guarda Municipal.
PARA NÃO ESQUECERMOS DO QUE ERA A CONDE DA BOA VISTA ANTES DO INÍCIO DA REQUALIFICAÇÃO - E AINDA É, JÁ QUE A VIA AINDA NÃO FOI TOTALMENTE REQUALIFICADA