DIVERSIDADE NO FUTEBOL

Futebol e orgulho LGBTQIA+: um tabu que precisa ser quebrado e discutido

Entre conflitos e homenagens, o movimento LGBTQIA+ passa a ser uma bandeira cada vez mais importante de ser levantada no futebol

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Túlio Feitosa, Túlio Feitosa

Publicado em 28/06/2021 às 11:58 | Atualizado em 28/06/2021 às 14:33
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Com o passar dos anos, o debate sobre a visibilização do movimento LGBTQIA+ vem se fortalecendo cada vez mais no futebol mundial. Desde publicações discretas nas redes sociais a homenagem em camisas de jogo, essa discussão têm marcado presença e causado conflitos, até em âmbito geopolítico.

No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ (28 de junho), é importante trazer alguns acontecimentos recentes sobre a pauta e o que pode ter impactado no cenário esportivo. O futebol masculino, inclusive, é um dos esportes que mais retalia a homossexualidade.

O técnico Lisca, ex-Náutico e que conquistou o acesso para a Série A com o América-MG, é um dos que incentiva o movimento entre os jogadores a se fortalecer. Em entrevista ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, o treinador contou que trabalhou com vários jogadores que eram gays, mas não eram assumidos por medo das repercussões negativas.

"Acho que os jogadores podem começar a se assumir. Já vi isso no vôlei, basquete, em quase todos os esportes. Mas nosso meio é muito conservador e é hipócrita ainda. O futebol ainda tem isso", disse Lisca.

Mais tarde, o futebol pernambucano acabou vivendo um lamentável episódio envolvendo o ex-BBB Gilberto Nogueira, ou Gil do Vigor, como é conhecido. Após ação de marketing promovida pelo Sport com o economista, áudios do conselheiro do clube rubro-negro, Flávio Koury, atacando a comunidade LGBTQIA+, foram vazados e rendeu novos debates sobre o espaço da diversidade no futebol.

"1,2 milhões de visualizações. Arretado. 1,2 milhões de pessoas achando que o Sport só tem viado, só tem puto, só tem galinha, só tem bicha. É bom, muito bom, um marketing arretado. Vai vender a camisa, rapaz. A viadagem todinha vai comprar, vai ser lindo", disse Koury no grupo de conselheiros do Leão.

A atitude acabou repercutindo negativamente para o clube, que prometeu investigar o caso e tomar medidas cabíveis. Até agora, nada aconteceu. Por outro lado, boa parte da torcida e o elenco da equipe abraçaram a causa do ex-BBB. Na final do Campeonato Pernambucano, os jogadores comemoraram um gol fazendo o "tchaki tchaki", dancinha popularizada por Gil do Vigor.

Eurocopa, preconceito e geopolítica

Maior torneio de seleções do mundo, a Eurocopa já começou carregado de conflitos políticos. Com protesto ao racismo à menções a conflitos histórico entre as nações, era evidente que pauta LGBTQIA+ estaria presente dentro e fora de campo.

Como um lampejo de esperança, a seleção da Alemanha deu o primeiro ponta-pé para dar visibilidade à causa. O goleiro Manuel Neuer, um dos veteranos da tetracampeã Mundial, vestia a faixa de capitão que tinha as cores do arco-íris, simbolizando a diversidade.

Ainda no continente europeu, a Hungria acabou usando a Eurocopa como vitrine para expor ainda mais o conservadorismo e o preconceito do país. Tudo começou ao país aprovar uma lei que proíbe escolas de utilizarem qualquer tipo de símbolo que represente as orientações sexuais e gêneros presentes na sigla LGBTQIA+. Os próprios húngaros também foram investigados por cantos homofóbicos e racistas em partida contra França.

A Alemanha, que seria adversária da Hungria na fase de grupos, prestaria uma homenagem ao movimento colorindo a Allianz Arena, estádio que sediaria o confronto, com as cores do arco-íris. A decisão logo foi vetada pela Uefa, que gere a competição. O motivo foi justamente a "neutralidade" perante os costumes húngaros em relação ao movimento. Ainda sim, não faltaram homenagens feitas pelo povo alemão para rebater a decisão do órgão europeu e lideranças do país húngaro, governado pelo primeiro-ministro de extrema-direita Viktor Orbán.

Movimento é pauta no Brasileirão

No último domingo (27), alguns clubes adiantaram as homenagens ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ para dar uma visibilidade maior à causa. Entre esses, o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, acabou dando uma aula dentro e fora de campo.

O clube lançou um uniforme em homenagem ao movimento e jogou a partida contra o Brusque na Série B vestindo o novo padrão, além o Cruz Maltino ter publicado um manifesto em apoio à diversidade. Outra coisa que chamou atenção, foi a comemoração após o gol de Germán Cano. O atacante pegou a bandeirinha do campo, que tinha as cores do arco-íris, e balançou no alto para celebrar a causa.

Outros clubes, como o Fluminense e Flamengo, levaram as cores da diversidade na numeração das camisas, além de publicação nas redes sociais em apoio ao movimento LGBTQIA+. O tricolor carioca, inclusive, irá leiloar as camisas usadas na partida. O valor arrecadado será doado para o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT. Além disso, o zagueiro Nino, capitão da equipe, vestiu a camisa 24 e a braçadeira com as cores da diversidade.

Agora, resta saber o quão agregador vão ser os torcedores desses e de todos os clubes brasileiros para com o movimento.

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