ANÁLISE

Motivos que levaram o técnico Hélio dos Anjos a pedir demissão do Náutico

Uma soma de fatores tirou a tranquilidade do Timbu que despencou na tabela da Série B e derrubou o comandante

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Marcelo Cavalcante

Publicado em 18/08/2021 às 18:52 | Atualizado em 18/08/2021 às 21:51
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Há alguns dias, cravei o Náutico na Série A em 2022. Que ousadia a minha, hein? A Série B nem havia chegado no final do primeiro turno e já havia dado essa declaração no Blog do Torcedor no Ar. 

Empolgação de um brilhante que o Náutico vinha fazendo? Pode ser. Mas também porque nenhum clube vinha mostrando um futebol tão envolvente, ofensivo e intenso quanto o Timbu. E mais: nessa Série B, não tem bicho-papão. Todos são iguais. 

Mas alguns fatores me deixaram ressabiado após a minha "cravação" (mas o que está dito, está dito). E alguns desses fatores podem ter levado o técnico Hélio dos Anjos a pedir demissão. 

O primeiro deles é o gerenciamento da crise. A invencibilidade dos jogos esconde bastante as falhas, os erros. Precisava saber como o elenco se comportaria ao receber a primeira pancada. Ela aconteceu contra o Coritiba, um time que faz boa campanha. Algo normal, mas que mesmo assim, o Timbu não soube virar a chave. Foram mais quatro derrotas, entre elas a vergonhosa goleada sofrida para o Confiança, em casa, por 4x0. 

O encaixe do time do Náutico fez o a equipe embalar uma ótima sequência de vitórias na Série B. Mas nunca escondeu o quanto o elenco era enxuto e que o rendimento caia quando havia mudanças no time durante as partidas.  Mas, quando o Timbu ainda estava invicto e havia perguntas sobre a falta de peças para reposição, os alvirrubros ouviam a questão como se fosse insulto. Pelo visto, a realidade só se mostra na crise. 

Os desfalques da equipe, de fato, fizeram a equipe desandar na Série B.  Kieza, por mais que não viesse fazendo uma boa Série B, era uma referência ofensiva. O homem que, na base da experiência, segurava a bola lá na frente, "brigava" com os zagueiros, chamava a marcação, dando espaços para os companheiros. Mas a perda maior foi Erick. As peças não foram substituídas no mesmo nível. O que seria difícil encontrar no mercado. E o técnico Hélio dos Anjos apostou na manutenção de um esquema, que sem Kieza e Erick, já não funcionava. 

Após a partida contra o Confiança, nos Aflitos, ficou evidente algum tipo de atrito da comissão técnica com a diretoria.  O técnico Hélio dos Anjos falou, em entrevista à Rádio Jornal, sobre  fatores externos antes da partida. Logo depois, o vice de futebol, Diógenes Braga, falou sobre um problema com a bomba d'água e que "deveria ser tratado internamente".  Depois a mesma partida, um torcedor invadiu as dependências dos Aflitos e irritou o treinador.  Na última entrevista que concedeu, o treinador também declarou, ao se despedir, de que não via peças no mercado para a diretoria querer contratar. Hélio não queria mexer na estrutura do elenco. Os dirigentes querem... Enfim, por mais que Hélio dos Anjos tenha reforçado a ideia de que o ambiente era maravilhoso, ficou não havia um afinamento com a diretoria.  

Soma-se a isso, os seis jogos sem vencer. Cinco partidas consecutivas amargando derrotas. O time não responde mais. Repete os mesmos erros. Despencou na tabela. Não vive uma situação desesperadora,  está no bolo entre vários equipes que apresentaram evolução. A dúvida paira no ar. E o Náutico precisava sacudir sua realidade. Hélio dos Anjos pediu demissão. Mas a sua saída poderia ter sido uma decisão da diretoria. Porque sua saída, oito meses depois de ter começado um trabalho vitorioso, é algo natural. 

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