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O insubstituível volante Leomar fez história no futebol pernambucano

Com a camisa do Sport, atleta jogou 49 partidas consecutivas em campo, não sendo sequer substituído e ainda defendeu a seleção brasileira

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Marcelo Cavalcante

Publicado em 31/10/2021 às 8:31 | Atualizado em 31/10/2021 às 15:53
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O ano era de 1996, o Sport acabara de conquistar o título estadual sob o comando do técnico Hélio dos Anjos (atual treinador do Náutico). Entre a final com o Santa Cruz e a estreia no Brasileirão daquele ano, que aconteceu na semana seguinte, contra o Paraná, um volante foi contratado: Leomar Leiria. Um desconhecido para o torcedor rubro-negro, que estreou no segundo tempo da derrota para os paranistas, por 1x0, na Ilha do Retiro. Começava naquele revés uma relação marcada por grandes jogos, gols e convocação para defender a seleção brasileira.

Naquele mesmo ano de 1996 Leomar mostrou que não era um simples volante, limitado à marcação. Na 10ª rodada do Campeonato Brasileiro, Leomar teve uma das grandes atuações com a camisa do Sport. O duelo foi contra o Fluminense, que tinha como técnico o iniciante Renato Gaúcho. O Sport ganhou por 6x0. E Leomar marcou três gols. O placar foi complementado pelo habilidoso Luís Müller, que marcou dois, e pelo zagueiro Ildo.

"Eu nunca havia marcado três gols numa partida. Foi algo incrível. Nós jogamos muito bem e as coisas foram acontecendo naturalmente. Depois dos dois primeiros gols, o Fluminense sentiu e a gente cresceu na partida", conta Leomar, que naquele altura da competição estava encaixado no esquema do técnico Hélio dos Anjos e já se tornara uma referência da equipe para a torcida.

Nos três anos seguintes, Leomar foi campeão pernambucano. E, em 99, foi emprestado ao Botafogo-RJ. Por conta de uma séria contusão, perdeu o encaixe da equipe treinada por Mauro Fernandes, técnico com quem trabalhou na Ilha do Retiro, no ano anterior. "No futebol, o conjunto vale mais do que a individualidade. O Botafogo já tinha uma equipe montada. E, com a minha contusão, ficou difícil arranjar espaço", explicou.

Mas em 2000, Leomar estava de volta ao Sport para ser pentacampeão estadual. Naquele time comandado por Émerson Leão, o volante mais vez conseguiu fazer algo histórico. Ele atuou em 49 partidas consecutivas nas competições que o clube rubro-negro disputou até a virada do ano de 2001. Para um jogador que tinha como prioridade a marcação, o feito chamou a atenção da mídia de todo Brasil.

"Realmente, foi um fato raro. A gente disputava muitas competições e eu fiquei numa sequência que impressionou bastante", relembra. Leomar era titular da cabeça de área do Sport, ao lado de Sidney, num time que encantou o Brasil ao encerrar participação na Copa João Havelange na quinta colocação.

SELEÇÃO

Leomar não saia do time nem por contusão, nem por suspensão, muito menos por opção do técnico Émerson Leão. Era seu homem de confiança. Quando o treinador assumiu o comando da seleção brasileira, durante as Eliminatórias da Copa do Mundo 2002, Leomar foi convocado. Uma alegria imensa para o atleta. "Foi um orgulho vestir a camisa da seleção", conta.

Mas o volante, assim como Leão, não tiveram vida fácil. Leomar atuou em seis partidas do Brasil. Em uma delas chegou a usar a braçadeira de capitão. A estreia aconteceu no dia 24 de abril de 2001, no amistoso contra o Peru, em 1x1. O volante ouviu muitas críticas da imprensa ao seu futebol e à seleção de Leão. Mas o que mais incomodou foi a revelação do ex-presidente do Sport, Luciano Bivar, que disse ter feito lóbi na CBF para ele ser convocado. "Incomodou bastante, pois a gente foi chamado devido ao que mostrei em campo. Aí, vem uma pessoa e fala coisas que a gente não estava sabendo. O peso foi todo para mim. Fiquei chateado, mas foi tudo superado", disse.

Leomar ainda teve uma passagem pelo futebol pernambucano em 2004. O caminho era o Sport. Mas a proposta feita pelo clube rubro-negro não agradou. Então, o volante acabou acertando com o Náutico. E foi campeão estadual. "Não fui titular. Atuei em alguns jogos, tanto do Estadual quanto do Brasileiro. ", disse.

Dois anos  depois, Leomar encerrou sua carreira de jogador, aos 36 anos, no CSA-AL. Hoje, comanda um time do futebol amador no Paraná. Mas prepara-se para voos maiores. "Estamos conversando para trabalhar num clube profissional na próxima temporada", conta.

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