PANDEMIA

Apesar de críticas, Reino Unido pretende eliminar restrições por covid-19

Johnson destacou que a pandemia não acabou, mas que, graças à "incrível" campanha de vacinação, o país está um passo mais próximo de "voltar à normalidade"

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AFP

Publicado em 21/02/2022 às 13:21
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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pretende anunciar nesta segunda-feira (21) o fim das restrições para impedir a propagação da covid-19, com a mensagem de que chegou o momento de seguir adiante, apesar da oposição política e da relutância das autoridades de saúde.

Dois anos depois de a covid-19 provocar a crise mais grave em várias gerações no país, Johnson apresentará seu plano ao Parlamento. Nem mesmo o anúncio, no domingo, de que a rainha Elizabeth II testou positivo para o coronavírus fez o primeiro-ministro mudar de ideia.

A monarca de 95 anos tem um quadro leve, com sintomas parecidos com os de um resfriado. O Palácio Buckingham informou que ela cumprirá tarefas leves durante a semana.

Os partidos de oposição acusam Johnson de querer distrair a atenção, no momento em que seu cargo está em perigo pela investigação sobre uma série de festas na residência oficial de Downing Street durante o período de confinamento.

Ele também é acusado de querer agradar aos representantes conservadores que estão insatisfeitos com as restrições às liberdades públicas.

"Hoje marca um momento de orgulho depois de um dos períodos mais difíceis da história do nosso país, pois começamos a viver com a covid", disse o líder conservador nesta segunda-feira.

Johnson destacou que a pandemia não acabou, mas que, graças à "incrível" campanha de vacinação, o país está um passo mais próximo de "voltar à normalidade" e de "finalmente devolver a liberdade às pessoas", sem abandonar a proteção.

De acordo com o plano, o governo pretende anunciar esta semana o fim da obrigação legal de autoisolamento das pessoas quando infectadas.

Outros aspectos do plano incluem a delegação às autoridades locais da gestão de futuros surtos, com as medidas legais prévias e o fim dos testes gratuitos para detectar a covid.

Mas como prova das tensões por este anúncio, o conselho de ministros previsto para ajustar o plano esta manhã foi adiado para a tarde, informou Downing Street.

Os jornais locais informaram que a reunião foi adiada, já que há desacordos entre o ministro das Finanças, Rishi Sunak, e o da Saúde, Sajid Javid, sobre o fim dos testes gratuitos.

A Confederação do NHS, que representa as principais autoridades do sistema nacional de saúde, afirmou que uma pesquisa interna mostrou que a maioria dos integrantes é contrária ao fim das medidas de isolamento e dos testes gratuitos à população.

O presidente-executivo da Confederação, Matthew Taylor, admitiu que o programa de vacinação do governo e a chegada de novos tratamentos contra a covid oferecem uma "verdadeira esperança".

"Mas o governo não pode chegar, balançar uma varinha mágica e agir como se a ameaça tivesse desaparecido por completo", acrescentou.

David Nabarro, delegado da Organização Mundial da Saúde (OMS) especializado em covid, afirmou que eliminar a lei sobre o isolamento dos infectados parece "realmente pouco sábio".

O Reino Unido registrou uma das piores taxas de morte per capita da pandemia, mas tem um alto nível de vacinação.

"Realmente, me preocupa que o Reino Unido esteja adotando esta linha que vai contra o consenso de saúde pública e que outros países afirmem: 'Bem, se o Reino Unido está fazendo, então por que não nós?", disse Nabarro.

A oposição trabalhista afirmou que a medida de eliminar os testes gratuitos é como "substituir seu melhor zagueiro 10 minutos antes do fim de uma partida".

"Boris Johnson está declarando vitória antes do fim da guerra, em uma tentativa de distrair a atenção da polícia que bate a sua porta", criticou a porta-voz de questões de saúde do Partido Trabalhista, Wes Streeting. 

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