SAÚDE

Entenda a polêmica sobre a liberação de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento do coronavírus

Ministério da Saúde indica substâncias apenas para pacientes graves com covid-19; Bolsonaro defende uso em larga escala

Publicado em 09/04/2020 às 8:47 | Atualizado em 09/04/2020 às 8:48
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O Conselho Federal de Medicina publicou nota técnica permitindo a prescrição do medicamento mesmo em casos leves da doença, com as ressalvas dos riscos - FOTO: PIXABAY

O Ministério da Saúde indica o uso da cloroquina e hidroxicloroquina apenas para pacientes diagnosticados infectados pelo novo coronavírus que estejam internados em estado grave de saúde. Já o presidente Jair Bolsonaro, tem defendido constantemente o uso, apesar de especialistas informarem que os resultados da substância são preliminares, e que casos individuais de sucesso não são suficientes para determinar se o tratamento é seguro em larga escala. As informações são do O Estado de S. Paulo.

O ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que não vai mudar o protocolo do uso das substâncias sem evidências científicas robustas sobre segurança e eficácia da droga para pacientes leves. No entanto, observou que médicos têm a opção de receitar o tratamento, assumindo riscos e responsabilidades.

"O que a gente alerta é que esse medicamento não é inócuo, não é um remédio que a gente fala 'isso não tem problema nenhum'", afirmou Mandetta ao Estadão. De acordo com o ministro, 33% das pessoas que tomaram o medicamento tiveram de suspender o uso.

O uso preventivo do medicamento não é indicado por Mandetta. Ele diz que metade da população não vai ter a doença. Entre os que tiverem, a maioria vai ser assintomático, vai criar anticorpos e não saberá se contraiu ou não a covid-19. Dos que tiverem sintomas, ele diz, 85% vai ficar bem sem nenhum tipo de remédio, "tomando chá, ou tomando placebo, farinha".

Conforme apurado pelo Estadão, há casos de pacientes infectados com coronavírus que foram tratados com cloroquina e, mesmo assim, acabaram morrendo. Isso aconteceu com a primeira vítima do vírus na Bahia, um homem de 74 anos que ficou internado durante 12 dias.

Os resultados de estudos que apontaram o sucesso do medicamento nos tratamentos da covid-19 têm sido questionados internacionalmente.

"Atualmente a cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos registrados pela Agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. Apesar de dados promissores, ainda não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da covid-19", informou a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Estudo clínico

A Anvisa liberou a cloroquina e a hidroxicloroquina para pesquisas clínicas que estão testando a eficácia do medicamento para pacientes com covid-19. O primeiro estudo do País a testar o uso da hidroxicloroquina para o tratamento terá seus resultados divulgados em dois ou três meses e envolverá 1,3 mil pacientes e 70 hospitais.

A iniciativa, batizada de Coalizão Covid Brasil, é coordenada pelos Hospitais do Coração (HCor), Albert Einstein e Sírio-Libanês em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) e o Ministério da Saúde. O laboratório EMS doará parte dos medicamentos que serão utilizados na investigação.

 

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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