Demissão

Secretário Wanderson de Oliveira pede demissão de cargo no Ministério da Saúde

Informação foi divulgada por meio de nota oficial do Ministério

Cadastrado por
Bruna Oliveira
Estadão Conteúdo
Mayra Cavalcanti
Publicado em 15/04/2020 às 12:29 | Atualizado em 15/04/2020 às 13:34
VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Segundo informou Wanderson de Oliveira, o cargo será entregue "assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida" - FOTO: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

O Ministério da Saúde informou, por meio de uma nota oficial, que o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, pediu demissão do cargo na manhã desta quarta-feira (15).

O secretário, que vinha sendo uma das autoridades do ministério e o que mais participava de entrevistas ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixa o cargo em meio à pandemia do novo coronavírus. Ele, assim como Mandetta, é defensor do isolamento social.

Mais cedo, Wanderson de Oliveira enviou uma carta aos funcionários do seu setor, em que diz que "a gestão de Mandetta acabou".

"Finalmente chegou o momento da despedida. Ontem tive reunião com o Ministro e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele ou pode ser um Twitter. Só Deus para entender o que o querem fazer", diz trecho da carta.

Confira o texto na íntegra:

“Bom dia! Finalmente chegou o momento da despedida. Ontem tive reunião com o Ministro e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele ou pode ser um Twitter. Só Deus para entender o que o querem fazer.

De qualquer forma, a gestão do Mandetta acabou e preciso me preparar para sair junto, pois esse é um cargo eletivo e só estou nele por decisão do Mandetta. No entanto, por conhecer tão profundamente a SVS, tenho certeza que parte do que fizemos na SVS vai continuar, pois é uma secretaria técnica e sempre nos pautamos pela transparência, ética e preceitos constitucionais.

A maioria da equipe vai permanecer e darão continuidade ao trabalho de excelência que sempre fizeram e para isso não precisam mais de mim.

Foi uma honra enorme trabalhar mais uma vez com você. Para que não tenhamos solução de continuidade, indiquei o meu amigo querido Gerson Pereira para ficar de Secretário interino. Ele é um Profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo.

Vou entregar o cargo assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida. Todos estão livres para fazer o que desejarem.

Tenho certeza que a SVS continuará grande e será maior, pois vocês é que fazem ela acontecer. Minhas contribuições foram pontuais e insignificantes, perto do que essa Secretaria é como uma só equipe. A SVS é minha escola e minha gratidão por ter trabalhado com você será eterna. Muito obrigado por me permitir estar Secretário Nacional de Vigilância em Saúde. Jamais imaginei que seria o primeiro enfermeiro a ocupar tão elevado e importante cargo e o primeiro de muitos que virão. Muito obrigado!”

Mandetta reúne equipe e comunica que será demitido ainda esta semana, diz jornal

Em conversa com equipe do Ministério da Saúde na noite dessa terça-feira (14), o ministro Luiz Henrique Mandetta teria avisado que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) já está em busca de uma pessoa para substituí-lo. Em clima de despedida, Mandetta ainda teria dito que será demitido nesta semana. O acordo é de ele esperar a escolha de um novo ministro. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Na noite da terça, Mandetta participou de entrevista coletiva no Palácio do Planalto e, em seguida, realizou a reunião com a equipe. Alguns membros, inclusive, teriam sugerido que ele pedisse demissão de imediato, ideia rejeitada por ele. Antes da coletiva, o ministro participou de reunião do conselho.

No último domingo (12), em entrevista ao programa Fantástico, da Globo, o ministro afirmou que o ápice dos casos do novo coronavírus se dará entre maio e junho, reforçando a importância da população ficar em casa. Ele ainda comparou Bolsonaro com um diabético que o médico diz que não poder comer açúcar e ele assalta a geladeira para comer doce. Mandetta ainda declarou que não dava para "as pessoas" ficarem indo em padarias, sem citar Bolsonaro.

"Isso preocupa, porque a população olha e fala assim 'será que o ministro da Saúde é contra o presidente?' Quem a gente tem de ter foco, esse aqui que é o nosso problema, é o coronavírus. Ele é o principal inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, por obra de nomeação do presidente. O presidente olha pro lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, mas chama pelo lado de proteção à vida", disse Mandetta.

Também no domingo, dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 22,1 mil casos de coronavírus e 1,2 mil mortes, o presidente afirmou que "parece que a questão do vírus está indo embora". A declaração foi feita durante celebração de Páscoa por videoconferência com líderes religiosos. "Veio agora esse vírus. É o que tenho dito desde o começo, desde há quarenta dia, (é que) temos dois problemas: o vírus e o desemprego. Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus. Mas está batendo forte a questão do desemprego. Devemos lutar contra as duas coisas", comentou.

Bolsonaro compartilha vídeo que critica Mandetta e ataca isolamento social

Nesta quarta-feira, o presidente publicou um vídeo, nas redes sociais, com ataques a medidas de isolamento social adotadas no combate à pandemia da covid-19. Bolsonaro destacou o título do vídeo "Os sócios da paralisia", publicado originalmente pelo jornalista Guilherme Fiuza, em que é apresentada uma série de críticas ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

No vídeo, Fiuza cita um "show mórbido" e destaca que não existem "mapas" comprovando o efeito mitigador do distanciamento social na prevenção ao novo coronavírus. "Você está em casa assistindo o governador de São Paulo assumir a paternidade da cloroquina, o ministro da Saúde explicar que traficante também é gente, jornais estrangeiros publicar fotos de covas abertas para dizer que o Brasil não tem mais onde enterrar seus mortos, entre outras referências intrigantes e estridentes sobre o assunto. Se você está paralisado e catatônico é porque já sabe que isso é um show mórbido", afirma Fiuza no início do vídeo.

A referência a Mandetta é uma declaração do ministro, na semana passada, de que para proteger a população que vive em favelas dominadas por criminosas será preciso dialogar. "Como se entra no morro em guerra para retirar uma senhora com sintomas? Saúde não é polícia", disse Mandetta ao Estado na semana passada.

No vídeo compartilhado por Bolsonaro, o jornalista cita ainda os impactos econômicos do isolamento, com o fechamento de pequenas empresas e previsão de queda 4% no Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil.

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