Pela primeira vez após pedir demissão do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (15), o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, comentou sobre o assunto no final desta tarde. Ao lado do ministro Luiz Henrique Mandetta e do secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, Wanderson afirmou que está com o chefe do Ministério da Saúde "até o final deste trabalho", se referindo ao combate do coronavírus no país, e que "sempre será grato" ao ministro.
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Durante a coletiva de imprensa realizada para atualizar os dados da covid-19, o secretário lembrou que conversou com o ministro pela primeira vez no dia 28 de dezembro de 2018 e que, em 40 minutos de conversa, pareceu que os dois 'já se conheciam'. "Foi uma empatia, respeito e admiração pelo ministro desde o primeiro momento", afirmou.
O secretário reforçou a fala de Mandetta sobre "nenhum integrante da equipe do Ministério da Saúde ser insubstituível". Segundo ele, "a equipe da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) é muito forte e robusta, e o trabalho será continuado". Wanderson chegou a elogiar a cobertura da imprensa sobre o caso e afirmou ter sido "uma cobertura muito elegante".
'Vamos trabalhar juntos', diz Mandetta sobre Wanderson
Antes do secretário se posicionar sobre o pedido de demissão, o ministro Luiz Henrique Mandetta comentou sobre o assunto e disse que Wanderson de Oliveira 'continua' no cargo e eles irão "trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde".
Ainda durante a coletiva, Mandetta comentou que não aceitou a demissão de Wanderson de Oliveira do cargo. "Não aceito isso. Por isso que eu fiz questão de vir até aqui nessa coletiva hoje", afirmou. O secretário é uma das principais autoridades da pasta e está à frente, ao lado do ministro e do secretário-executivo, do combate ao coronavírus. No início da coletiva, Oliveira não comentou sobre o assunto e falou apenas informações técnicas.
Mandetta chegou a alegar que deixa o cargo em três situações. "Uma quando o presidente não quiser mais o meu trabalho, o segundo é quando, eventualmente, não temos como saber, eu pego uma gripe dessa e tenho que ser afastado por forças alheias à minha vontade. Terceiro, quando eu sentir que o trabalho que eu faço não é mais necessário. Todas as alternativas são válidas", comentou.
"Não é desconhecido que há um descompasso entre o Ministério da Saúde...a gente colocou e deixa claro que a gente vai trabalhar até 100% do limite das nossas possibilidades. Enquanto eu estiver no Ministério da Saúde, aquele povo vai trabalhar. O Wanderson que veio com um papel, mandei devolver para ele do jeito que chegou. Entramos juntos e vamos sair juntos. É aguardar o entendimento das coisas", completou.
>> Mandetta reúne equipe e comunica que será demitido ainda esta semana, diz jornalCarta de demissão
"A gestão do Mandetta acabou". Foi esse um trecho da mensagem enviada à equipe do Ministério da Saúde pelo secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, que pediu demissão do cargo nesta quarta-feira (15). A mensagem foi divulgada pela jornalista Andréia Sadi, da Rede Globo. No início do texto, Wanderson avisa que se reuniu com o ministro Luiz Henrique Mandetta nessa terça-feira (14) e a saída do chefe do Ministério da Saúde "está programada para as próximas horas ou dias".
Segundo informou o secretário, o cargo será entregue "assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida". Wanderson de Oliveira ainda disse que indicou o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Pereira, para ser o secretário interino. "Ele é um profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo", continuou.
Leia a íntegra da mensagem
"Bom dia!
Finalmente chegou o momento da despedida. Ontem, tive reunião com o ministro e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente, não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele ou pode ser um Twitter. Só Deus para entender o que o querem fazer.
De qualquer forma, a gestão do Mandetta acabou e preciso me preparar para sair junto, pois esse é um cargo eletivo e só estou nele por decisão do Mandetta. No entanto, por conhecer tão profundamente a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde), tenho certeza que parte do que fizemos na SVS vai continuar, pois é uma secretaria técnica e sempre nos pautamos pela transparência, ética e preceitos constitucionais.
A maioria da equipe vai permanecer e darão continuidade ao trabalho de excelência que sempre fizeram e para isso não precisam mais de mim.
Foi uma honra enorme trabalhar mais uma vez com você. Para que não tenhamos solução de continuidade, indiquei o meu amigo querido Gerson Pereira para ficar de secretário interino. Ele é um profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo.
Vou entregar o cargo assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida. Todos estão livres para fazer o que desejarem.
Tenho certeza que a SVS continuará grande e será maior, pois vocês é que fazem ela acontecer. Minhas contribuições foram pontuais e insignificantes, perto do que essa Secretaria é como uma só equipe. A SVS é minha escola e minha gratidão por ter trabalhado com você será eterna. Muito obrigado por me permitir estar Secretário Nacional de Vigilância em Saúde. Jamais imaginei que seria o primeiro enfermeiro a ocupar tão elevado e importante cargo e o primeiro de muitos que virão.
Muito obrigado!"
Mandetta comunica que será demitido ainda esta semana
Na noite dessa terça-feira (14), durante uma conversa com o Ministério da Saúde, o ministro Luiz Henrique Mandetta teria dito que o presidente Jair Bolsonaro já está em busca de uma pessoa para substituí-lo, e que será demitido ainda nesta semana.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro e Mandetta estão em um impasse. Durante as coletivas de imprensa para divulgar os dados da doença, o ministro se mostra a favor do isolamento social de todos os grupos, posição também defendida pelo secretário de Vigilância em Saúde, enquanto que o presidente é a favor do isolamento seletivo, apenas para pessoas do grupo de risco.
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