SAÚDE

Saiba como são escolhidos os pacientes com coronavírus em UTIs lotadas 

Associações de medicina elaboraram o "Protocolo de alocação de recursos em esgotamento durante a pandemia por covid-19", que contém critérios para internação de pacientes

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 05/05/2020 às 11:03 | Atualizado em 05/05/2020 às 11:27
BOBBY FABISAK/ACERVO JC IMAGEM
Pernambuco disponibiliza 581 leitos de UTI para pacientes com sintomas de covid, via Sistema Único de Saúde (SUS) - FOTO: BOBBY FABISAK/ACERVO JC IMAGEM

O aumento acelerado de casos do novo coronavírus no Brasil fez com que estados como Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro e Pernambuco  já tenham fila de espera por leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Por isso, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) lançaram o "Protocolo de alocação de recursos em esgotamento durante a pandemia por covid-19", que contém critérios para internação de pacientes.

O material traz uma tabela de critérios que devem ser observados na tomada de decisão, que deve se nortear, basicamente, por três critérios: gravidade, maior grau de sobrevida e capacidade do paciente.

A primeira versão do documento, lançada no fim de abril, levava em conta a idade do paciente em vez de capacidade funcional. Entretanto, uma revisão feita retirou o critério e resultou num relançamento do documento, porque, de acordo com o protocolo das associações, "compreendeu-se que este critério poderia ser discriminatório (e, portanto, inconstitucional) e que sua presença poderia comprometer a base de solidariedade que é característica da atenção em saúde".

Segundo o UOL, que afirma ter tido acesso ao documento, o protocolo traz uma série de citações de estudos do Código de Ética Médica e da Constituição e cita que as escolhas "não devem impor desvantagens de maneira desproporcional a nenhum grupo social".

Ainda de acordo com o UOL, o material afirma que deve predominar um consenso de que "o princípio mais sólido é o de priorização de pacientes com melhores chances de benefício e com maiores expectativas de sobrevida". "A recomendação é de que avaliações baseadas na subjetividade do julgamento clínico individual sejam evitadas, porque são mais sujeitas a vieses e ao uso inconsistente", completa.

Critérios:

1) Salvar mais vidas

Como é feito? Utiliza-se o score Sofa (Sequential Organ Failure Assessment), que avalia uma série de parâmetros de dados vitais. Quanto maior essa pontuação, menor a chance de sobreviver (vai de 1 a 4 pontos).

2) Salvar mais anos de vida

Como é feito? Avalia-se a presença de comorbidade grave com probabilidade de sobrevida inferior a um ano (caso isso ocorra, soma-se 3 pontos à conta).

3) Capacidade do paciente

Como é feito? O paciente é avaliado em  uma escala que vai de "completamente ativo" até "completamente incapaz de realizar auto-cuidados básico" (vai de 0 a 4 pontos) da Ecog (Eastern Cooperative Oncologic Group). Em caso de empate de pontos, segundo o protocolo, deve ser usada a seguinte ordem de escolha:

  1. Menor pontuação do Sofa
  2. Julgamento clínico da equipe de triagem

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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