ISOLAMENTO

Lockdown deveria ser feito antes da sobrecarga de leitos, defende ex-ministro Mandetta durante entrevista

O ortopedista expôs que é função do Ministério da Saúde orientar a sociedade com antecedência, antes que o sistema de saúde do local entre em colapso

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 07/05/2020 às 10:57 | Atualizado em 07/05/2020 às 11:04
MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
"As orientações e recomendações não receberam apoio deste governo federal, embora tenham sido embasadas por especialistas e autoridades em saúde", diz a carta de Mandetta - FOTO: MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deixou a pasta no dia 16 de abril, defendeu, na manhã desta quinta-feira (7), o Sistema Único de Saúde (SUS) e a necessidade de se atentar às necessidades e velocidade de propagação do novo coronavírus em cada cidade do Brasil para a tomada de decisões prévias à sobrecarga do sistema de saúde, em entrevista à CNN Brasil.

O ortopedista expôs que é função do Ministério da Saúde orientar a sociedade com antecedência, antes que o sistema de saúde do local entre em colapso, usando o exemplo da cidade de Manaus, no Amazonas, que conta com uma média de 40% de isolamento social, mesmo com 89% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva para covid-19 em uso, com dados do dia 1º de maio.

"Dar o alerta para a sociedade com antecedência de duas ou três semanas para que medidas possam ser tomadas é a função do Ministério da Saúde. Agora, depois que os casos ocorrem, que Manaus já está do jeito que está, e falar 'acho interessante fazer um lockdown em Manaus', já foi o melhor momento de fazer a chamada de atenção", defendeu.

Mandetta explica que, quando estava à frente da pasta, sua equipe observava um gráfico com duas variáveis: a velocidade de transmissão e a vulnerabilidade do local. "A gente estava estudando um gráfico que tinha duas variáveis, uma era a velocidade de transmissão e [outra] a vulnerabilidade, a capacidade de atendimento, se há equipamentos de proteção individual, ventiladores, respiradores, leitos de CTI".

Ele alerta que a taxa de vulnerabilidade de cada cidade não consegue crescer o suficiente em pouco tempo. "A sociedade não consegue aumentar, do jeito que ela gostaria, a capacidade de resposta. Nós temos limitações. Os enfermeiros e médicos adoecem, os equipamentos de proteção individual são difíceis de serem alocados a tempo na quantidade necessária. A industria nacional e internacional não consegue prover ventiladores na quantidade que você necessita".

O ex-ministro também defendeu que o comportamento da sociedade é essencial para conter a velocidade de transmissão do coronavírus. "Quem dita a velocidade de transmissão é o comportamento da sociedade, seja aderindo a uma liderança, a uma conduta transparente, com os números, colocando as dificuldades para as pessoas, seja observando a velocidade aumentando, sabendo que a vulnerabilidade não está aumentando com a mesma velocidade para fazer frente, e deixar o barco ir andando sem fazer os alertas e recomendações".

 

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