Violência

Em menos de uma semana, segundo jovem é assassinado durante ação da PM na periferia do Rio de Janeiro

Troca de tiros aconteceu enquanto voluntários entregavam cestas básicas na comunidade; PM alega que jovem atingido portava arma de fogo, testemunhas negam

Vanessa Moura
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Vanessa Moura
Publicado em 21/05/2020 às 13:07 | Atualizado em 21/05/2020 às 13:23
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Um dos crimes aconteceu em Gameleira, na Mata Sul, enquanto o outro foi registrado em Ipojuca, no Grande Recife - FOTO: Pixabay

Dois dias depois do assassinato de João Pedro Matos, de 14 anos, outro jovem foi morto durante ação da polícia no Rio de Janeiro. Desta vez, João Vitor Rocha, de 18 anos, foi baleado em um tiroteio entre as polícias Militar e Civil e supostos criminosos, na última quarta-feira (20) na comunidade do Pantanal. No momento da troca de tiros, voluntários da Frente Cidade de Deus (Frente CDD) realizavam a entrega de cestas básicas para os moradores do local. 

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De acordo com testemunhas, João Vitor foi colocado dentro do 'caveirão' da Polícia Militar e levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, localizado no bairro da Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. O menino não resistiu.

Os voluntários da Frente CDD, que realizavam ação social no momento da troca de tiros, se manifestaram nas redes sociais relatando que precisaram se esconder dentro das residências dos moradores para não serem atingidos. Além disso, alguns integrantes contaram que mesmo após se identificarem para polícia, foram reprimidos com fuzis. O grupo vêm desempenhando diversos trabalhos de auxílio à comunidade durante o período de pandemia do novo coronavírus.

Em um vídeo feito pela Frente CDD, um dos integrantes aparece visivelmente abalado com a situação. "Eles [a polícia] são genocidas, eles entram matando na favela", lamenta. Nas imagens, um amigo o consola: "sempre vamos ser alvo do estado, porque 'nóis' é preto, mano! Então se acalma! Acabamos de distribuir 200 cestas básicas, eu não vou te perder, se acalma". Assista:

 

 

Em nota, a Polícia Militar, alegou que as equipes do 18° BPM de Jacarepaguá e policiais civis da 41ª DP (Tanque) realizaram uma ação conjunta para checar denúncias sobre tráfico de drogas na Cidade de Deus. De acordo com a PM, quando a equipe entrou na comunidade, supostos criminosos teriam atirado contra os policiais e dado início a um confronto. Segundo a corporação, João Vitor estava armado e havia reagido à chegada dos policiais. No Twitter, a PM sustenta a versão:

 

 

No entanto, um dos integrantes do Frente CDD que testemunhou a ação policial, nega a versão da polícia e afirma que o jovem tinha apenas ido comprar pipa quando foi baleado. 

Até o fechamento desta matéria, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) não havia se pronunciada a respeito do caso. 

 

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