AJUDA HUMANITÁRIA

Após acordo de cooperação, médicos brasileiros levam pele de tilápia para tratar feridos no Líbano

A intenção é que o grupo permaneça no Líbano por 15 dias, com apoio do governo local

JC
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Publicado em 09/08/2020 às 13:46 | Atualizado em 09/08/2020 às 14:07
MARIANA PARENTE/ESP. O POVO
A equipe levará cerca de 39 mil cm² de pele de tilápia para tratar os ferimentos causados por queimaduras - FOTO: MARIANA PARENTE/ESP. O POVO

Um grupo de médicos brasileiros viajará do Rio de Janeiro até Beirute, capital do Líbano, neste domingo (9), em uma missão de ajuda humanitária. Os profissionais da saúde vão auxiliar no tratamento dos mais de 5 mil feridos após a grande explosão na zona portuária da cidade, na última terça-feira (4). Além de medicamentos e insumos, a equipe levará cerca de 39 mil cm² de pele de tilápia para tratar os ferimentos causados por queimaduras.

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O envio do material acontece depois de um acordo de cooperação entre a Associação de Cirurgiões Plásticos de Descendência Libanesa, a Prefeitura do Rio de Janeiro e o consulado libanês na cidade. A intenção, segundo a administração municipal carioca, é que o grupo permaneça no Líbano por 15 dias, com apoio do governo local.

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A parceria entre as entidades foi necessária porque o carregamento com as peles esbarrou em entraves legais para sair do Brasil. Segundo o pesquisador pernambucano e idealizador do método pioneiro, Marcelo Borges, uma das dificuldades encontradas pela equipe foi o fato de o curativo ainda não ter o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo considerado um estudo experimental. O segundo problema envolve o transporte de material biológico para o exterior. "O acordo com a prefeitura do Rio serviu para dar legalidade à ação. Sem o registro, ela poderia ser impedida de seguir para o Líbano", explica Marcelo.

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Marcelo afirma que o registro do material como produto para a saúde junto à Anvisa ainda não se deu porque os pesquisadores não encontraram um parceiro industrial para produzir o curativo em larga escala. A falta de registro complica também o uso da pele da tilápia no SUS. "A nossa pendência com a Anvisa é justamente essa. Precisamos do parceiro industrial, mas ainda não tivemos êxito em relação a esse objetivo", completa o médico.

A expectativa do grupo era seguir para Beirute em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), mas até a manhã deste domingo, segundo Marcelo Borges, não havia confirmação do traslado. "Ainda não sabemos se a equipe vai em voo comercial ou da FAB", pontua ele, ressaltando que não irá à capital libanesa.

Curativo biológico

A pele de tilápia age como um curativo biológico. Ela é aplicada na ferida dos pacientes, após o processo de esterilização feito pelos pesquisadores e adere à área que sofreu a queimadura. De acordo com o cirurgião plástico, o material reduz os riscos de infecção, reduz a dor à metade e o tempo de tratamento em dois dias, se comparado aos meios tradicionais de tratamento. A pele é usada, predominantemente, em queimaduras de segundo grau.

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