Imunização

Bahia assina acordo para testar vacina russa e mira comercialização no Brasil

Vacina russa ainda precisa ser aprovada para ser utilizada

Do Correio para a Rede Nordeste
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Publicado em 09/09/2020 às 15:50
ATHIT PERAWONGMETHA
RECLAMAÇÃO Governo de São Paulo pede mais recursos para ampliar acesso à possível vacina chinesa - FOTO: ATHIT PERAWONGMETHA
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O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, confirmou nesta quarta-feira (9) que o governo assinou um acordo de confidencialidade para testar a vacina russa contra a covid-19 no estado. A ideia é que a Bahia seja responsável pela comercialização desta vacina do Brasil - antes, o protocolo de testes precisa ser aprovado e a testagem ocorrer bem.

"Nós estamos em negociação com a Rússia já há duas semanas. Nós já havíamos assinado um memorando de entendimento, visando iniciar as tratativas para testar aqui no Brasil a vacina russa Sputnik V em 500 participantes. Ontem nós concluímos o acordo de confidencialidade, que é um documento que a gente se compromete a receber informações sigilosas deles, tratar de forma interna e confidencial, e a partir disso decidirmos, com base no que a gente vai ver, se a gente quer dar seguimento no projeto", explicou o secretário, em evento de inauguração de uma Unidade Básica de Saúde em Pirajá.

Depois disso, o protocolo deve ser submetido ao Comitê de Ética do Instituo Couto Maia, ao Conselho Nacional de Ética e Pesquisa (Conepe) e também à agência reguladora Anvisa. "Se eles aprovarem o protocolo, dentro de um mês a gente pretende iniciar esse estudo da vacina russa aqui na Bahia", afirmou.

A ideia é que a Bahiafarma seja usada para negociar a vacina no país. "A proposta é que a Bahia seria a responsável pela comercialização da Bahia no Brasil, através da Bahiafarma. O governo federal pode comprar da Bahiafarma, se decidir comprar a vacina russa, e deverá comprar todas as vacinas, porque não vai ter suficiente", diz.

O governador Rui Costa também falou do tema. "Avançamos agora com um protocolo mais formal e devemos estar recebendo em breve o lote de 500 doses, 250 da vacina e 250 placebo, que vamos aplicar para participar dessa linha de pesquisa dessa vacina russa, que felizmente os primeiros testes feitos em instituições na Europa apresentaram resultados positivos", disse. "O que tenho lido sobre essa vacina é que segue a linha mais tradicional, mais antiga do mundo, de produção de vacina. O que torna o processo talvez mais seguro e talvez a taxa de acerto dessa vacina vai ser maior, porque não tem inovação, é a prática mais antiga, mais consolidada", acrescentou.

Mesmo assim, Rui disse que continua buscando parceria para outras vacinas, "sem nenhum preconceito ideológico, dogmático" em relação aos países fabricantes.

Estudo publicado pela revista The Lancet sobre as fases 1 e 2 de estudos mostrou eficácia de 100% da vacina russa, mas cientistas dizem que ela ainda precisa de mais testes. No Brasil, a vacina seria testada em uma população etnicamente diferente da russa.

Vacina de Oxford

O secretário e o governador também comentaram a suspensão de testes da vacina de Oxford, da Inglaterra, que também tem testes em andamento na Bahia.

"É por isso que a estratégia nunca deve ser colocar todos os ovos numa cesta só, não apostar numa única linha de vacina. Na ciência é assim, você abre linhas de pesquisa e algumas vão dar certo e outras não vão dar certo. Por isso o ideal é que o país planeje apoiar e participar de várias pesquisas de vacina, independente da nacionalidade", reafirmou Rui.

Já Vilas-Boas disse que a vacina de Oxford é "completamente diferente" de todas as outras que estão sendo testadas, por usar um adenovírus de chimpanzé como vetor. "Não sabemos qual foi o efeito adverso grave que foi relatado, isso não foi dito ainda, nem se isso está relacionado ao vetor viral ou ao gene incorporado do coronavírus. Mas de qualquer forma, qualquer evento adverso relacionado a essa vacina não pode ser pressuposto para outras vacinas porque ela é única", afirmou.

Ele destacou também que a vacina da Pfizer, testada aqui pelas Osid, também é inovadora. "Não tem vetor viral e é uma vacina que está testando segurança e eficácia. É uma interrogação, mas tende a ser uma vacina bastante segura", acredita.

As vacinas russa e a chinesa são as mais tradicionais. "Das vacinas modernas, a que tem a maior base de aplicação em todo mundo", diz. "Não devemos esmorecer ou achar que não vai dar certo, porque essa vacina de Oxford é totalmente diferente".

TÂNIA REGO/AGÊNCIA BRASIL
IMUNIZAÇÃO Nos Estados Unidos, 50,4% das pessoas com mais de 18 anos estão parcialmente imunizadas. No resto da América Latina, ritmo varia - FOTO:TÂNIA REGO/AGÊNCIA BRASIL

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