A morte de homem negro após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, está gerando uma grande repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra. No twitter, o assunto é o mais comentado na tarde de hoje. Além do destaque para o supermercado Carrefour, usuários da rede social também subiram diversas hashtags, como #VidasNegrasImportam e #justicaporbeto. Também estão em destaque as palavras racismo, assassinado e negros, além das frases "parem de nos matar" e "até quando".
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No twitter, o jogador Richarlison Andrade afirmou que "a violência e o ódio perderam de vez o pudor e a vergonha", ao comentar o caso.
Parece que a gente não tem saída...Nem no dia da Consciência Negra. Aliás, que consciência? Mataram um homem negro espancado na frente das câmeras. Bateram e filmaram. A violência e o ódio perderam de vez o pudor e a vergonha. George Floyd, João Pedro, Evaldo Santos foram em vão? pic.twitter.com/YU8MmRj9ra
— Richarlison Andrade (@richarlison97) November 20, 2020
O sociólogo Serge Katz usou sua conta na rede social para debater a violência do caso.
O que mais me choca nesse vídeo do assassinato de um homem negro no Carrefour é a sequência de golpes sem "propósito racional" no sentido de, digamos, "neutralizar" um eventual infrator. Não. Ali o que temos é ódio puro, violência pura sobre um corpo que é odiado há séculos.
— Serge Katz (@sk_serge) November 20, 2020
O cartunista Carlos Latuff fez uma charge sobre o assassinato de João Alberto Silveira Freitas.
O assassinato de um homem negro, espancado até a morte por seguranças do Carrefour em Porto Alegre ontem, véspera do Dia da Consciência Negra, é um lembrete amargo de que o racismo no #Brasil é estrutural, e mata negros e negras todos os dias.
— Carlos Latuff (@LatuffCartoons) November 20, 2020
Todos os dias.
Charge @fenasps pic.twitter.com/Zb9ZcW7p8H
Apesar da grande repercussão entre os brasileiros, alguns líderes políticos escolheram não comentar o caso. No twitter, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, que se descreve como "Negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre" na rede social, não falou sobre a morte de João Alberto. Sérgio usou a rede social durante a manhã de hoje para criticar o Dia da Consciência Negra.
Nossa consciência é humana. Bom dia! pic.twitter.com/bn6b4SKINK
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) November 20, 2020
Até a publicação desta matéria, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ainda não havia comentado o caso. Na manhã desta sexta, o presidente postou uma foto com Pelé. Na foto, o ex-jogador de futebol aparece segurando uma camisa dedicada ao presidente. Bolsonaro agradeceu o presente e desejou bom dia aos brasileiros, sem se manifestar sobre o assassinato que está comovendo o País.
- Obrigado Pelé.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 20, 2020
- Bom dia a todos. pic.twitter.com/A2cjRUEbEL
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, realizou uma série de postagens sobre o assunto. No twitter, Damares afirmou que "As imagens são chocantes e nos causaram indignação e revolta".
A vida de mais um brasileiro foi brutalmente ceifada no estacionamento de um supermercado, no Rio Grande do Sul. As imagens são chocantes e nos causaram indignação e revolta.
— Damares Alves (@DamaresAlves) November 20, 2020
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Boicote
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Nas redes sociais, cidadãos passaram a defender boicote à rede varejista e organizar protestos em frente a unidades da companhia. Os usuários do Twitter rechaçaram a nota oficial do Carrefour Brasil com explicações sobre as medidas tomadas após o ocorrido. Até o começo da tarde, havia cerca de 3,5 mil comentários com xingamentos e acusações pelo novo episódio de violência nas imediações da companhia.
As manifestações de revolta partiram de perfis variados nas redes sociais. O ator e comediante Leandro Ramos (do grupo Choque de Cultura) sugeriu um boicote ao Carrefour, numa postagem com 10 mil curtidas na rede social. "Então, como é que a gente vai fazer pra organizar um boicote sério ao Carrefour?", escreveu Ramos.
O fundador da MRV, maior construtora residencial do País, Rubens Menin, também condenou o ocorrido, porém sem citar nomes. "Deprimente caso da morte de homem negro por seguranças no supermercado do RS, exatamente no dia da consciência negra. Até quando???", postou o empresário.
O perfil Favelado Investidor, do jovem Murilo Duarte, que também é bastante conhecido na comunidade do fintwit, fez postagem com xingamento à rede varejista e teve mais de 2 mil curtidas.
No fim da manhã, representantes de movimentos sociais e vereadores negros eleitos para a Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniram para uma manifestação em frente à unidade do Carrefour onde o caso de violência aconteceu. Mais protestos estavam sendo convocados nas redes para o mesmo local.
A candidata do PCdoB que está no segundo turno da corrida eleitoral na capital gaúcha, Manuela D'Ávila, se manifestou dizendo que não é possível se calar diante do racismo e apoiou o protesto que cobrava responsabilização do Carrefour e prestava solidariedade à família da vítima.
Entenda o caso
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi morto após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre. Ele teria discutido com a caixa do mercado antes de ser conduzido por um dos seguranças do estabelecimento até o estacionamento do local, onde começaram as agressões. Uma outra funcionária do mercado, junto com um cliente, policial militar temporário, acompanharam o deslocamento. Segundo a funcionária do supermercado, João Alberto teria desferido um soco contra o PM durante o percurso, e por isso, tanto o policial militar temporário, quanto o segurança, começaram a agredi-lo.
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