CAOS EM MANAUS

Pazuello afirma que seis aeronaves da FAB transportarão oxigênio para o Amazonas

Estoque de oxigênio acabou em vários hospitais da capital amazonense nesta quinta-feira (14). A situação levou pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos

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Estadão Conteúdo

Publicado em 14/01/2021 às 21:53 | Atualizado em 14/01/2021 às 21:56
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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em live com o presidente Jair Bolsonaro que irá colocar seis aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar oxigênio para o Amazonas. Como o Broadcast Político mostrou mais cedo, o governo brasileiro pediu ajuda aos Estados Unidos para tentar socorrer a rede de saúde do Amazonas após o estoque de oxigênio acabar em vários hospitais da capital, Manaus, nesta quinta-feira (14). A situação levou pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos.

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"A procura por oxigênio na capital subiu seis vezes, então, já estamos ai em 75 mil metros cúbicos de demanda de ar na capital e 15 mil metros cúbicos no interior. Estamos já com a segunda aeronave entrando em circuito hoje, a C-130 Hércules, fazendo o deslocamento Guarulhos - Manaus e a partir de amanhã entram mais duas e chegaremos a seis aeronaves, totalizando ai algo em torno de 30 mil metros cúbicos por dia, a partir de Guarulhos. Nessa ponte aérea, existem também os deslocamentos terrestres", afirmou Pazuello.

FAB
Transporte de oxigênio em avião da FAB - FAB

Pazuello disse ainda que Manaus, capital do Estado, não teve a "efetiva ação no tratamento precoce da covid-19" e reconheceu que há um colapso no atendimento público da cidade e que apoia o Estado.

Rede em colapso e sem oxigênio

Com a rede de atendimento em colapso e sem oxigênio para tratamento da covid-19, o Amazonas terá de transferir parte dos seus pacientes a outros Estados. Segundo o governo local, no primeiro momento, 235 pacientes serão enviados a hospitais do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal.

Há estimativa de que até 750 pessoas tenham de deixar Manaus para serem atendidas em outros locais. Mais cedo, em entrevista à imprensa, o governador Wilson Lima (PSC) afirmou que o Amazonas vive "o momento mais crítico da pandemia, algo sem precedente". No ano passado, as redes de saúde e funerária do Estado já colapsaram.

A crise se agravou nos últimos dias pela falta de oxigênio em unidades de saúde. Há ainda variante do novo coronavírus circulando no Estado.

O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse à imprensa que o consumo diário de oxigênio teve um pico de 30 mil metros cúbicos em 2020. Neste mês, o pico de consumo foi de 70 mil metros cúbicos num só dia.

O governo federal irá apoiar a transferência dos pacientes, em aviões militares. O secretário nacional de Atenção Especializada em Saúde, Franco Duarte, disse que serão transferidos pacientes com quadros "moderados", que exigem uso de oxigênio, mas têm ainda condições de serem transportados.

Em nota, o governo do Amazonas afirma que, na noite de quarta-feira, 13, "a empresa fornecedora da maior parte dos gases medicinais à rede pública estadual oficializou 'dificuldades em relação à execução do plano logístico para a entrega de insumos e a alta demanda que vinha ocorrendo' na rede pública de saúde".

Mortes por asfixia

Com a nova explosão de casos de covid no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus nesta quinta-feira, 14, levando pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos que trabalham na capital amazonense.

O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo na manhã desta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao jornal O Estado de S. Paulo uma médica da unidade, que não quis de identificar.

O número de sepultamentos em Manaus quintuplicou em um mês, segundo dados divulgados pela prefeitura. Na quarta-feira, 198 enterros ocorreram na capital, dos quais 87 tinham confirmação para covid-19 e sete eram de casos suspeitos. Em 13 de dezembro foram 36 óbitos, seis com resultado positivo para o vírus. Isto representa um aumento de 450%.

 

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