Para epidemiologista da Fiocruz Pernambuco, plano de vacinação do Brasil contra covid-19 deve ser revisto
Número insuficiente de doses está obrigando os estados a restringir a quantidade de pessoas imunizadas neste primeiro momento
Apesar do início da vacinação contra a covid-19 ter trazido um sopro de esperança à população brasileira, o número insuficiente de doses está obrigando os estados a restringir a quantidade de pessoas imunizadas neste primeiro momento. Em entrevista à Rádio Jornal, na tarde desta segunda-feira (25), a médica epidemiologista Ana Brito, da Fiocruz Pernambuco, evidenciou o problema, afirmando que é necessário que tanto o Ministério da Saúde quanto os estados e municípios revejam o esquema de vacinação montado.
"O primeiro parâmetro que deveria ser considerado são os locais que possuem uma maior disseminação da doença atualmente e onde os profissionais de saúde que estão na retaguarda estão realizando mais atendimentos. Se um município não atende um caso de covid-19 e os que aparecem são transferidos, por exemplo, quem tem que ser vacinado é o profissional que fica na ambulância, o médico da atenção primária de saúde", explicou a médica.
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A forma que as vacinas estão sido distribuídas nos estados e municípios brasileiros é uma preocupação da epidemiologista. "O plano construído é ideal, mas o plano real não é bem assim. São poucas doses, é preciso consultar especialistas e profissionais que saibam lidar com enfrentamento a uma epidemia", disse.
Para a médica, os professores do pré-escolar e ensino fundamental também deveriam ter prioridade para que o crescimento cognitivo das crianças, que deixaram de comparecer às aulas presenciais, não seja mais afetado. Além disso, ela acredita que profissionais de serviços essenciais, como motoristas de transportes públicos, vendedores de farmácias e seguranças também deveriam ser inclusos no grupo prioritário de vacinação.
"Essas pessoas estão expostas de forma desproporcional e sendo afetadas pela pandemia. É possível ver nos leitos de internamento pessoas jovens afetadas, demandando assistência hospitalar", disse Ana Brito.
'Discutir de onde vem a vacina é secundário'
Durante a conversa, Ana falou, ainda, que a população não deve se preocupar com a origem da vacina, mas em tê-la. "Temos que lutar para ter vacina, discutir de onde vem é secundário, essa preocupação deve ser da Anvisa", comentou.
Além disso, a médica alertou que, mesmo ao tomar o imunizante, é necessário que as pessoas continuem seguindo as medidas preventivas, como o distanciamento social, usar máscara e lavar as mãos, além de fazer o uso do álcool em gel, porque a vacina tem a expectativa de imunizar, o que não garante uma imunização de fato.