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Ministério da Saúde deixa vencer R$ 243 mi em vacinas, testes e remédios, diz jornal

Segundo as informações obtidas pela Folha de S.Paulo, no depósito estão 3,7 milhões de itens que começaram a vencer há mais de três anos

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Gabriel Inácio

Publicado em 06/09/2021 às 17:34
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Cerca de R$ 240 milhões em insumos de saúde passaram da validade, incluindo medicamentos, vacinas e testes de diagnósticos que estavam sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. Todo o material vai ser incinerado e encontra-se no cemitério de insumos do Sistema Único de Saúde (SUS) em Guarulhos, no estado de São Paulo. Alguns itens estão em falta nos postos de saúde. As informações são da Folha de S.Paulo.

Segundo as informações obtidas pela Folha, no depósito estão 3,7 milhões de itens que começaram a vencer há mais de três anos. O estoque é mantido em sigilo pela pasta de saúde nacional que nega prestar esclarecimentos sobre produtos armazenados ou vencidos, usando um documento de 2018, que já foi apontado como inadequado pela Controladoria-Geral da União (CGU).

A lista de produtos que a Folha teve acesso inclui, por exemplo, 820 mil canetas de insulina, no valor de R$ 10 milhões, suficientes para 235 mil pacientes com diabete durante um mês.

Na gestão de Bolsonaro o SUS também perdeu um lote que custava R$ 50 milhões, em frascos que serviam para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B (quase 6 milhões), varicela e outras doenças. As medicações seriam encaminhadas para pacientes com hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e problemas renais.

Cerca de R$ 345 mil em produtos perdidos dos programas de DST/Aids estão sendo guardados pelo Ministério da Saúde, principalmente testes de diagnóstico. Em insumos de prevenção da malária foram desperdiçados R$ 620 mil. Segundo os dados internos do governo, mais de R$ 32 milhões em medicamentos, comprados por ordem da justiça, devem ser incinerados.

Segundo a vice-presidente do Instituto Vidas Raras, Amira Awada é estimado que, pelo menos, mil pacientes aguardem por remédios.

"O que nós mais escutamos é que somos culpados pelo déficit orçamentário do Ministério da Saúde, mas é a pasta que perde milhões ao deixar medicamentos vencerem. Nós passamos da fase da revolta, estamos sem perspectiva", disse Awada.

A perca não só se resumi a um lote. Na pandemia, o governo Bolsonaro também perdeu cerca de 2 milhões de exames RT-PCR para Covid, avaliados em mais de R$ 77 milhões. Por ordem da Anvisa, em 2019, 2,2 milhões de exames sem validade para o diagnóstico de dengue, zika e chikungunya foram interditados.

Em entrevista à Folha o direto do Departamento de Logística (Dlog) da Saúde, general da reserva Ridauto Fernandes, informou que a perca dos insumos é indesejável, mas que ocorre em vários ramos. O diretor informou que não pode comentar sobre o estoque e disse que se esforça para que isso não ocorra.

A Saúde não se manifestou sobre os produtos que perderam a validade e qual é o tamanho do estoque que conseguiu repor nas negociações com os fabricantes dos insumos. Já a Bahiafarma, uma das empresas que forneceu os insumos, disse que a diretoria da Anvisa ainda não julgou recurso sobre a interdição dos lotes. A fabricante também disse que os testes vencidos já começaram a ser recolhidos e estão estocados em armazéns dos estados.

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