Loja de Fortaleza nega racismo e diz que delegada foi barrada por não usar máscara
Representante do estabelecimento disse que entrada da delegada foi proibida em cumprimento a protocolos sanitários contra a Covid-19
A loja de roupas e acessórios Zara, localizada em um shopping em Fortaleza, negou que um segurança do estabelecimento tenha praticado racismo contra a delegada Ana Paula Barroso, diretora adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Ela afirma que foi vítima de discriminação ao ter sido barrada na entrada da loja, no último dia 14, sob a justificativa de que a ação era necessária por “questões de segurança”. Ao O POVO, uma representante do estabelecimento afirmou que a permissão foi negada porque a delegada estava sem máscara de proteção contra a covid-19, já que tomava um sorvete.
A Zara também informou "que não tolera qualquer tipo de discriminação" e negou que a medida tenha relação com crime de racismo. A reportagem pediu as imagens das câmeras de segurança para verificar se seria possível confirmar a versão do estabelecimento. Contudo, a representante da loja informou que não iria disponibilizar as gravações, neste momento, em virtude de os equipamentos de filmagem terem sido apreendidos pela Polícia no domingo (19) por autorização da Justiça.
O que diz a Delegada
No dia do suposto episódio de racismo, Ana Paula Barroso diz que fazia um passeio no shopping e tinha sacolas de outra loja e um sorvete na mão, quando decidiu entrar Zara. A delegada afirmou ter cogitado que a entrada foi proibida por causa do doce que estava comendo, mas diz ter sido informada de que o motivo não era esse.
Ao ter sua entrada impedida, a delegada revelou ter pensado em dar voz de prisão ao funcionário, mas decidiu recuar da ideia por, segundo ela, ter sido acometida por um sentimento de consternação. Ela conta que ainda questionou um segurança do shopping sobre o ocorrido e ele acionou o chefe de segurança do local, que a reconheceu como delegada.
Neste momento, a vítima adentrou na loja com o chefe da segurança, que indagou o funcionário sobre o que havia acontecido. "Ele foi logo dizendo que não tinha preconceito e que tinha amigos negros, gays e lésbicas", disse a delegada Ana Claudia. Para a profissional, a fala reafirma o preconceito.
Busca e apreensão
Ana Paula fez um Boletim de Ocorrência Eletrônico (B.O) e a Polícia Civil pediu as imagens internas do shopping. O estabelecimento cedeu, mas a loja Zara não. A delegada Ana Cláudia disse que enviou um ofício, mas não obteve resposta, de modo que a Polícia Civil pediu o mandado de busca e apreensão, ato concedido pela Justiça e cumprido na segunda-feira (20).
A delegada Ana Paula relata que a movimentação em torno do caso foi possível porque ela conhece as ferramentas para denúncia, não por causa da função que ocupa na Polícia Civil. Um vídeo do momento da entrada da Polícia na loja foi gravado. Clique aqui para assistir ou no player abaixo.