Recém-nascido encontrado em bueiro: líder religioso teria sugerido aborto para manter credibilidade
O crime teria sido executado para que sua esposa não soubesse da relação extraconjugal, nem da criança. O homem era líder religioso de uma igreja local, e mantinha um relacionamento amoroso com uma das fiéis
A Polícia Civil informou por meio de uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (9) que o líder religioso Antônio Cardoso Cunha, de 36 anos, incentivou Jamile Rolim da Silva, de 20 anos, a realizar um aborto. O homem, que era casado com outra mulher, não queria assumir a relação extraconjugal, nem a criança, justificando que teria que prestar explicações à comunidade. A matéria é do jornal O Povo para a Rede Nordeste.
Segundo o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Harley Filho, e o delegado do 18 Distrito Policial de Caucaia, Regis Pimentel, tanto Antônio quanto Jamile são suspeitos de matar e esconder o corpo do recém-nascido.
Ainda segundo o diretor do DHPP, a mulher estava com 8 meses de gestação quando decidiu ingerir uma pílula abortiva. Porém, ao invés de abortar, o medicamento acelerou o parto e a criança nasceu.
Os agentes confirmaram que o bebê nasceu com vida, mas Jamile resolveu sufocá-ló até causar a morte. Mesmo após o ato, o resultado desejado não foi alcançado, então ela desferiu golpes com um garfo contra a criança e o guardou em um móvel.
Logo em seguida, a criança foi colocada em um saco e entregue a Antônio, que ficou responsável por deixar o bebê morto em um bueiro da região.
Por fim, Jamile procurou uma unidade hospitalar alegando ter sofrido um aborto espontâneo. No entanto, ao ser examinada, os profissionais de saúde constataram que não se tratava de algo espontâneo, e sim de um aborto com métodos de violência. Foi a partir daí que o caso começou a ser investigado pelo DHPP.
A vizinhança do casal acabou notando a ausência do bebê e desconfiando da história contada por Jamile. Devido a isto, resolveram se manifestar e acabaram colocando fogo no veículo de Antônio Cardoso, além de roubarem e depredarem a residência o homem morava. A Polícia também informou que a situação será investigada.
O imóvel do líder religioso
Antônio Cardoso Cunha, de 36 anos, residia no mesmo local onde mantém uma igreja - a casa era dividida com a esposa no primeiro andar e, nos fundos, acolhe pessoas em situação de vulnerabilidade.
A mãe do bebê morto, Jamile, era uma dessas pessoas que recebia ajuda do pastor. Eles mantinham um relacionamento amoroso e, para que a esposa de Antônio não soubesse da traição, ele sugeriu um aborto. Segundo a Polícia, o medicamento abortivo teria sido tomado no sábado, 6 de novembro, quando Jamile foi a casa de um parente.
As investigações que estão sendo realizadas pela Polícia buscam descobrir a influência do líder religiosos a outras pessoas ligadas à igreja. O intuito é saber se ele se aproveitou de outros fiéis. Ainda de acordo com o delegado de Caucaia, Antônio procurou a Polícia local, devido às ameaças da comunidade por causa do ato.
Em depoimento, ele informou o local onde havia escondido o corpo da criança. O homem, também vai ser investigado por charlatanismo, já que não possuía nenhum cadastro formal para atuar.