Cidade do Ceará de luto após morte de enfermeira e professora vítimas de feminicídio
Kerly Veríssimo, de 24 anos, e Maria de Jesus, de 47 anos, foram esfaqueadas em sua residência por Valdian De Sousa. Prefeitura de Acaraú decretou três dias de luto
Um caso de duplo feminicídio foi registrado nesse domingo, 28 de novembro. Após descumprir medida protetiva, Valdian de Sousa Melgaco, de 28 anos, assassinou com golpes de faca a ex-companheira Kelry Veríssimo, de 24 anos, e a ex-sogra Maria de Jesus Verícimo, de 47 anos. O caso ocorreu na cidade de Acaraú, a 233 quilômetros de Fortaleza. Familiares e os 63.556 habitantes da região se encontram de luto. A matéria é do jornal O Povo para a Rede Nordeste.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o crime ocorreu na manhã do domingo, às 5 horas, quando Valdian pulou o muro da residência de Kelry e a esfaqueou. Ao ver a situação, a professora Maria de Jesus, mãe da vítima, tentou intervir, mas também acabou sendo esfaqueada. O pai de Kelry tentou defender as duas e foi lesionado. Toda a família foi encaminhada ao hospital, mas Maria de Jesus e Kelry não sobreviveram.
Após o ato, Valdian sofreu tentativa de linchamento por meio dos moradores e está hospitalizado sob escolta da Polícia Militar, que o prendeu em flagrante. A tragédia foi presenciada por uma criança de apenas seis anos de idade. A cidade decretou luto oficial a partir de ontem, por três dias, em razão da morte das duas servidoras públicas do município – a enfermeira Klry Veríssimo e a professora Maria de Jesus.
O velório da mãe e filha foi realizado em uma igreja na zona rural, localizado em frente à unidade de saúde onde estava internado o agressor. Para que não houvesse invasão no hospital, houve reforço policial e, posteriormente, ele foi transferido. Segundo a Polícia, o crime foi motivada por Valdian não aceitar o fim do relacionamento. Há duas semanas, ele insistia em comentar nas redes sociais da ex-companheira afirmando que a amava e pedia a volta do casal.
Em fotografias publicadas entre 2018 e 2021, Valdian comentava mensagens com "Te amo" e escrevia dezenas de frases. "Vamos ser feliz novamente uma chance pra (SIC) vida que vamos estabelecer pra (siC) nossas filhas", dizia. Devido a essa situação, a enfeira Kelry pediu por uma medida protetiva contra Valdian, que foi concedida. Na quinta-feira, 25, ele teria recebido a visita do oficial de Justiça para notificá-lo que estava proibido de se aproximar da ex-companheira. Após 72 horas, ele descumpriu a decisão e causou a tragédia.
Segundo apuração realizada pelo O POVO com uma fonte da Polícia Civil, a medida protetiva pedida pela vítima foi feita por meio de um advogado que buscou o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e o Ministério Público do Ceará (MPCE). Kelry tinha receio de comparecer à Delegacia e, por isso, a Polícia Civil não foi procurada. Também não consta Boletim de Ocorrência (B.O) sobre o caso.
"Ela tinha receio de ir à delegacia denunciar por medo e optou por fazer dessa forma. A própria conduta dela de não ir à delegacia já presume o medo que tinha do companheiro", relatou a fonte. Amigos e parentes lamentam a morte de mãe e filha.
Repercussão nas redes sociais
Kelry Veríssimo, de 24 anos, era pós graduada em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família. A vítima também era mãe de duas meninas e muito querida em Acaraú. Em uma publicação nas redes sociais, uma amiga de Kerly comentou: "Minha amiga de faculdade, sempre de bem com a vida. Não consigo acreditar em tamanha brutalidade com alguém de coração enorme. Deus receba você e sua mãe", disse.
Alunos e outros docentes também lamentaram a morte da professora Maria Veríssimo: "Lamentável. Uma guerreira. Trabalhei sete anos com ela. Sempre foi uma mulher exemplar. Meus sentimentos a família e amigos", relatou.