CRIME

Cidade do Ceará de luto após morte de enfermeira e professora vítimas de feminicídio

Kerly Veríssimo, de 24 anos, e Maria de Jesus, de 47 anos, foram esfaqueadas em sua residência por Valdian De Sousa. Prefeitura de Acaraú decretou três dias de luto

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Do jornal O Povo para a Rede Nordeste

Publicado em 30/11/2021 às 0:02 | Atualizado em 30/11/2021 às 0:04
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Um caso de duplo feminicídio foi registrado nesse domingo, 28 de novembro. Após descumprir medida protetiva, Valdian de Sousa Melgaco, de 28 anos, assassinou com golpes de faca a ex-companheira Kelry Veríssimo, de 24 anos, e a ex-sogra Maria de Jesus Verícimo, de 47 anos. O caso ocorreu na cidade de Acaraú, a 233 quilômetros de Fortaleza. Familiares e os 63.556 habitantes da região se encontram de luto. A matéria é do jornal O Povo para a Rede Nordeste.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o crime ocorreu na manhã do domingo, às 5 horas, quando Valdian pulou o muro da residência de Kelry e a esfaqueou. Ao ver a situação, a professora Maria de Jesus, mãe da vítima, tentou intervir, mas também acabou sendo esfaqueada. O pai de Kelry tentou defender as duas e foi lesionado. Toda a família foi encaminhada ao hospital, mas Maria de Jesus e Kelry não sobreviveram.

Após o ato, Valdian sofreu tentativa de linchamento por meio dos moradores e está hospitalizado sob escolta da Polícia Militar, que o prendeu em flagrante. A tragédia foi presenciada por uma criança de apenas seis anos de idade. A cidade decretou luto oficial a partir de ontem, por três dias, em razão da morte das duas servidoras públicas do município – a enfermeira Klry Veríssimo e a professora Maria de Jesus.

O velório da mãe e filha foi realizado em uma igreja na zona rural, localizado em frente à unidade de saúde onde estava internado o agressor. Para que não houvesse invasão no hospital, houve reforço policial e, posteriormente, ele foi transferido. Segundo a Polícia, o crime foi motivada por Valdian não aceitar o fim do relacionamento. Há duas semanas, ele insistia em comentar nas redes sociais da ex-companheira afirmando que a amava e pedia a volta do casal.

Em fotografias publicadas entre 2018 e 2021, Valdian comentava mensagens com "Te amo" e escrevia dezenas de frases. "Vamos ser feliz novamente uma chance pra (SIC) vida que vamos estabelecer pra (siC) nossas filhas", dizia. Devido a essa situação, a enfeira Kelry pediu por uma medida protetiva contra Valdian, que foi concedida. Na quinta-feira, 25, ele teria recebido a visita do oficial de Justiça para notificá-lo que estava proibido de se aproximar da ex-companheira. Após 72 horas, ele descumpriu a decisão e causou a tragédia.

Segundo apuração realizada pelo O POVO com uma fonte da Polícia Civil, a medida protetiva pedida pela vítima foi feita por meio de um advogado que buscou o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e o Ministério Público do Ceará (MPCE). Kelry tinha receio de comparecer à Delegacia e, por isso, a Polícia Civil não foi procurada. Também não consta Boletim de Ocorrência (B.O) sobre o caso.

"Ela tinha receio de ir à delegacia denunciar por medo e optou por fazer dessa forma. A própria conduta dela de não ir à delegacia já presume o medo que tinha do companheiro", relatou a fonte. Amigos e parentes lamentam a morte de mãe e filha.

Repercussão nas redes sociais

Kelry Veríssimo, de 24 anos, era pós graduada em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família. A vítima também era mãe de duas meninas e muito querida em Acaraú. Em uma publicação nas redes sociais, uma amiga de Kerly comentou: "Minha amiga de faculdade, sempre de bem com a vida. Não consigo acreditar em tamanha brutalidade com alguém de coração enorme. Deus receba você e sua mãe", disse.
Alunos e outros docentes também lamentaram a morte da professora Maria Veríssimo: "Lamentável. Uma guerreira. Trabalhei sete anos com ela. Sempre foi uma mulher exemplar. Meus sentimentos a família e amigos", relatou.

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