Covid-19

Países ricos doam menos da metade das vacinas prometidas em 2021

Apenas pelo mecanismo Covax, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta era entregar cerca de 2 bilhões de doses doadas pelos países ricos às nações de baixa e média renda até o fim do ano

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Estadão Conteúdo

Publicado em 01/01/2022 às 20:47
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Em meio à circulação da variante Ômicron, países ricos e de média renda apressam a aplicação da dose de reforço das vacinas. Enquanto isso, os mais pobres têm menos de 10% de suas populações com uma dose e dependem de doações para acelerar a imunização. No entanto, 2022 começa com menos de 50% das vacinas prometidas entregues em 2021.
Apenas pelo mecanismo Covax, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta era entregar cerca de 2 bilhões de doses doadas pelos países ricos às nações de baixa e média renda até o fim do ano. O número, porém, ficou distante. Menos de 600 milhões de doses foram entregues diretamente à iniciativa - menos de 30%.
Além disso, apenas 300 mil foram de fato distribuídas, segundo dados da Covax reunidos pelo Our World in Data. Quando estabeleceu a meta de 2 bilhões, a OMS contava com o envio de doses de uma enorme fábrica na Índia, mas o país cancelou as exportações após um surto de Delta em maio.
Além da OMS, os países também podem fazer doações diretas por meio de acordos bilaterais, envio pelas próprias fabricantes ou pela União Africana. Somando todos esses mecanismos, o número de doações ultrapassa 810 milhões, cerca de 40% da meta estabelecida pela OMS.
As doações bilaterais foram as que mais se aproximaram das promessas dos países ricos. Segundo dados do FMI, a partir da Covax e de informes dos próprios doadores, cerca de 266 milhões de doses foram acertadas diretamente, sendo que 225 milhões já foram entregues, uma taxa de quase 85%.
Segundo a lista da Covax, os EUA foram os que mais prometeram doações: 857 milhões, só que mais de 664 milhões ainda não foram entregues. Em seguida vem a União Europeia, com 451 milhões, com menos de 300 milhões entregues.
?VERGONHA?. A China tem preferido fazer doações por meio de acordos bilaterais. O país prometeu 10 milhões de doses à Covax e mais US$ 100 milhões em dinheiro, mas as únicas doações que constam na lista de entregas da iniciativa da OMS são 3 milhões de doses da AstraZeneca saídas de Hong Kong.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chamou de "vergonha moral" a cobertura vacinal no mundo. A organização tinha como meta que todos os países atingissem a marca de 40% da população vacinada até o fim de 2021. Mas 92 nações não chegaram a este porcentual, em especial os países africanos, onde a média está em 15%.
"Era uma meta plausível. E não ter atingido isso não é apenas uma vergonha moral, mas custou muitas vidas e deu ao vírus a oportunidade de se espalhar e sofrer mutações", lamentou o diretor da OMS.
De acordo com dados do Our World in Data, países considerados de alta renda possuem mais de 70% de sua população totalmente vacinada. Os países de renda média-alta lideram a corrida, com 72%, um fato que se atribui à alta aceitação das campanhas de imunização na América Latina e na Ásia. No fim da fila estão os países de baixa renda, com apenas 4% da população vacinada.
Neste cenário, mais de 80 países anunciaram a aplicação de doses de reforço na sua população, principalmente após a notificação da variante Ômicron, que parece diminuir a eficácia das duas doses. A OMS se apôs à dose adicional no início, alegando ser egoísmo dos países ricos.
No entanto, com o surgimento de uma variante mais transmissível, a organização passou a recomendar a dose apenas para pessoas com problemas imunológicos ou que receberam vacinas de vírus inativados. Ainda assim, diversos países já anunciaram a dose para toda a sua população adulta.
 

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