Diretores da Anvisa sofrem novas ameaças após aprovação da CoronaVac para crianças
Em uma das mensagens, encaminhada à diretoria dois da Anvisa, na qual é feita a análise técnica das vacinas, o agressor afirma que "o preço que vc (sic) vai pagar será altíssimo"
Diretores e servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltaram a sofrer ameaças após a agência dar aval, nesta semana, à aplicação da CoronaVac em crianças e adolescentes para combate à covid-19. Até então, a única vacina aprovada no Brasil para a população pediátrica era o imunizante da Pfizer, que já começou a ser aplicado em crianças de 5 a 12 anos.
Na última quinta-feira (20), em uma reunião que durou mais de três horas, técnicos da Anvisa apresentaram dados da CoronaVac enviados pelo Instituto Butantan. Os estudos demonstraram a segurança e efetividade da aplicação de duas doses da CoronaVac, com intervalo de 28 dias, na população entre 6 e 17 anos.
Logo após a aprovação, o órgão começou a receber os primeiros e-mails com as ameaças. Em uma das mensagens, encaminhada à diretoria dois da Anvisa, na qual é feita a análise técnica das vacinas, o agressor afirma que "o preço que vc (sic) vai pagar será altíssimo".
Já a quinta diretoria, onde ocorre o monitoramento de efeitos adversos, recebeu uma ameaça na qual é dito que "o preço a ser pago será terrível não quero estar na sua pele (sic)". Outras mensagens com teor de ameaça também foram recebidas, de acordo com o órgão, mas não foram divulgadas.
Essa não é a primeira vez que servidores e diretores da agência sofrem ameaças em decorrência da aprovação de vacinas. Em dezembro, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, defender a divulgação do nome dos técnicos que autorizar a aplicação da Pfizer em crianças, membros do órgão passaram a sofrer as primeiras ameaças de morte, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal.
Na ocasião, a Anvisa reagiu de forma dura às declarações de Bolsonaro e disse "repudiar com veemência" ameaças feitas contra funcionário do corpo técnico do órgão. A Anvisa afirmou naquela oportunidade, em nota assinada por toda a diretoria e pelo presidente Antonio Barra Torres, que "seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas".
À época, o procurador-geral da República, Augusto Aras, informou ao presidente da Anvisa também ter determinado a "adoção de providências" para "assegurar a proteção" dos diretores do órgão
A Anvisa ainda não se posicionou oficialmente sobre as últimas ameaças recebidas e só deve se pronunciar na segunda-feira, dia 24.