Investigação

Após apelo de familiares e entidades, Forças Armadas mandam dois helicópteros para procurar indigenista e jornalista desaparecidos na Amazônia

Diante das críticas e da repercusssão na imprensa e nas redes sociais, o Comando Militar da Amazônia e a Marinha do Brasil mobilizaram nesta terça-feira (7), dois helicópteros para reforçar as buscas. Eles estão desaparecidos desde o domingo

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Adriana Guarda

Publicado em 07/06/2022 às 19:11 | Atualizado em 07/06/2022 às 19:34
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Uma carta conjunta assinada por quatro entidades de defesa dos direitos humanos e dos povos indígenas pediu a utilização de helicópteros na operação de busca do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazônia. Os dois estão desaparecidos desde o domingo (5) quando saíram em expedição pela região.
As entidades também denunciam "omissão do governo brasileiro", que não estaria dando celeridade às buscas. Diante das críticas e da repercussão na imprensa e nas redes sociais, o Comando Militar da Amazônia e a Marinha do Brasil mobilizaram nesta terça-feira (7), dois helicópteros para reforçar as buscas na Amazônia.  
A carta da UNIVAJA (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), Opi (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) denuncia a lentidão com que as decisões vêm sendo tomadas pelo governo Federal. Uma delas foi a declaração do Exército de que seria capaz de cumprir uma missão humanitária de busca e salvamento, mas que aguardava instruções superiores para iniciar a operação. 
Digulgação
Entidades pedem empenho do govern Federal nas buscas de jornalista e indigenista desaparecidos - Digulgação
A procura por eles começou na segunda, mas por meios terrestres e embarcações, mas o Vale do Javari é a segunda maior área indígena do Brasil, com 8,5 milhões de hectares e uma busca como esta precisa de reforço aéreo para realizar uma varredura mais rápida. 
Além dos helicópteros, a estratégia de busca por Dom Phillips e Bruno Pereira conta com agentes da Polícia Federal, do Comando de Operações Táticas (COT), a tropa de elite, participaram das buscas na aeronave Jaguar H225M, do 4º Batalhão de Aviação do Exército.
Segundo o Exército, as buscas seguem de forma ininterrupta, com combatentes da 16ª Brigada de Infantaria de Selva.
A Marinha também havia informado que um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste seria deslocado para auxiliar na missão, além de duas embarcações e de uma moto aquática. Os destacamentos da Marinha, da Capitania Fluvial de Tabatinga, já fizeram buscas pelos rios Javari, Itaquaí e Ituí, mas sem sucesso até agora.

Suspeitos do desaparecimento de jornalista e de indigenista na Amazônia

Na carta escrita pelas entidades, o grupo afirma que a Polícia Civil teria três suspeitos do desaparecimento do jornalista e do indigenista.
"A principal informação que temos até agora é a de que a Polícia Civil deteve dois dos principais suspeitos de estarem envolvidos com o desaparecimento (pescadores identificados apenas por “Churrasco” e “Jâneo”) no início da noite da segunda-feira. Ambos foram levados para a cidade de Atalaia do Norte para prestar esclarecimentos. Segundo informações do indígena, os dois suspeitos foram liberados depois de intervenção do poder público local de Atalaia do Norte. Há informações também de que um terceiro suspeito, conhecido por “Pelado”, está foragido na floresta, na região das comunidades ribeirinhas em questão", diz o texto. 
O texto lembra, ainda, o clima de violência na região, com madeireiros, pescadores ilegais e o narcotraficantes internacionais exercendo suas atividades no entorno e no interior da Terra Indígena Vale do Javari.
Uma tragédia que marcou a região foi a morte do colaborador da Funai Maxciel Pereira dos Santos, da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari. Ele foi brutalmente assassinado a tiros em sua residência, em Tabatinga, em 2019, por invasores da terra indígena.
"Diante desse panorama, torna-se necessária de maneira urgente uma ação eficaz de apuração dos fatos e de busca imediata: cada hora que passa coloca em risco definitivo a possibilidade de sobrevivência dos dois desaparecidos, ao mesmo tempo em que faz crescer a consolidação de um território sem lei, nas mãos de criminosos confiantes nos seus plenos poderes perante a incapacidade de atuação dos representantes legítimos do Estado de direito", reforça a carta. 
 
 
 

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