Investigação

Desaparecidos na Amazônia: suspeito foi visto trafegando em lancha atrás de barco com indigenista e jornalista

PM diz que suspeito foi visto acompanhando barco do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do Jornalista inglês Dom PLillips, desaparecidos desde o domingo (5), em Atalaia do Norte, no Vale do Javari, na Amazônia

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Adriana Guarda

Publicado em 08/06/2022 às 18:58 | Atualizado em 08/06/2022 às 23:17
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Da Estadão Conteúdo
A Polícia Militar informou que o homem preso na terça-feira (7) suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips foi visto por ribeirinhos trafegando em uma lancha logo atrás da embarcação dos dois no dominho (5) em que eles sumiram. 
Segundo o Comando de Policiamento do Interior (CPI), o suspeito, identificado como Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, e conhecido como "Pelado", foi localizado na comunidade São Gabriel, uma vila a poucos quilômetros da comunidade São Rafael, onde Bruno e Phillips foram vistos pela última vez, no domingo.
O homem foi preso em flagrante porque a Polícia encontrou munições com ele, mas negou envolvimento no desaparecimento do indigenista e do jornalista. Ele diz ter feito apenas contato visual quando os dois passarem de barco em sua comunidade.  

IDENTIFICAÇÃO DO SUSPEITO

O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliesio Marubo, em entrevista à Rádio Eldorado nesta quarta-feira afirmou que o suspeito chama-se Amarildo, conhecido como "Pelado", o mesmo que já havia prestado depoimento à polícia na terça-feira. A Polícia Civil do Amazonas confirma a prisão em flagrante por posse de munição de uso restrito, mas ainda não trata da relação dele com o desaparecimento, informa apenas que a conexão ainda será apurada. Como mostrou o Estadão, "Pelado" já havia sido interrogado como suspeito no caso.
Segundo Marubo, há "uma vasta quantidade de provas" contra o detido, que teria relação com pescadores e caçadores da região. "Ainda estamos tentando buscar informações para esclarecer de que maneira e que grau de interesse ele possuiria nesse caso", afirmou.
O homem vive na comunidade de São Rafael, conhecida pela forte influência de garimpeiros, caçadores, pescadores e traficantes de drogas. A localidade é usada como base para invasões de terras indígenas do Javari.
Quanto ao bilhete contendo ameaças a Bruno Pereira, recebido por Marubo há um mês e meio e revelado ontem pelo Estadão, o advogado afirmou que encaminhou um pedido de abertura de inquérito para o Ministério Público Federal, mas, como não ainda não obteve resposta, continuou as atividades com normalidade.
"Se tiver atuação mais efetiva das forças, sobretudo da parte de inteligência, acho que a gente consegue, sim, avançar com algumas informações, mas estamos falando de uma área de fronteira, onde os recursos são escassos e cada vez mais o Estado é menos presente", disse.
As buscas pelos desaparecidos seguem nesta quarta-feira, três dias após a dupla ter sido vista deixando a comunidade São Gabriel em direção a Atalaia do Norte, no Amazonas.
Marubo avalia como "paliativas" e "desordenadas" as ações das autoridades na varredura da região do Vale do Javari. Segundo ele, são cerca de 35 homens do Exército, Marinha e PMs contra um grupo de 50 indigenistas atuando nas buscas.
 

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