Dom e Bruno: PF confirma identidade de restos mortais encontrados na Amazônia
A Polícia Federal confirmou nesta sexta-feira (17) que os restos mortais encontrados na região do Vale do Javari são do jornalista britânico Dom Phillips. Os peritos trabalham agora na identificação de Bruno Pereira
Da Estadão Conteúdo
A Polícia Federal (PF) confirmou nesta sexta-feira (17) que os restos mortais encontrados na região do Vale do Javari, no Amazonas, são do jornalista britânico Dom Phillips.
A análise feita pelo Instituto Nacional de Criminalística de Brasília confirmou a identidade do repórter. Os peritos fizeram exames na arcada dentária e usaram técnicas de antropologia forense, que analisa características físicas, como estrutura óssea.
"Encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes, para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos", diz um trecho do comunicado divulgado pela PF.
Os restos mortais foram localizados pela equipe na última quarta-feira (15) a cerca de três quilômetros do Rio Itaguaí. Os policiais levaram o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, até a região e ele apontou onde teria enterrado os corpos do jornalista e do indigenista Bruno Pereira. Os restos mortais foram então transportados para Brasília, onde estão sendo feitos os exames.
Os peritos trabalham agora na identificação de Bruno. O Estadão apurou que o trabalho deve envolver a análise de DNA.
Assassinato de Dom e Bruno não teve mandante, diz Polícia Federal
Mais cedo, os investigadores informaram que os assassinos agiram sozinhos e que o crime não teve um mandante. O envolvimento de facções criminosas também foi descartado.
As linhas de investigação foram consideradas inicialmente tanto por causa do trabalho desenvolvido por Bruno, que orientava moradores a denunciar irregularidades nas reservas indígenas, quanto pela presença de traficantes de drogas e armas, caçadores ilegais, madeireiros e garimpeiros na região.
Os policiais federais desconfiam, no entanto, que mais pessoas tenham participado do assassinato. Até o momento, estão presos Pelado e o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos. A corporação avalia novas prisões nos próximos dias.
A Univaja, entidade para a qual o indigenista Bruno Pereira prestava serviços ao ser assassinado na Amazônia, criticou que a PF tenha descartado crime de mando na investigação.
"Com esse posicionamento, a PF desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela Univaja em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021", diz um trecho do comunicado divulgado pela entidade.
A manifestação diz ainda que Bruno se tornou alvo de um grupo criminoso responsável pela invasão de terras indígenas na região Segundo a Univaja, Pelado e dos Santos fazem parte dessa quadrilha. A nota relata ainda que outros integrantes da Univaja receberam ameaças de morte.