Fortes chuvas deixam ao menos 10 mortos e vários desaparecidos no Rio Grande do Sul
Em algumas áreas há risco de inundações, com uma situação preocupante nos vales do Caí e do Taquari, onde as águas já transbordaram em novembro passado
Pelo menos 10 pessoas morreram e várias estão desaparecidas após fortes chuvas no Rio Grande do Sul, segundo um novo balanço das autoridades divulgado nesta quarta-feira(1º).
As chuvas obrigaram à evacuação de cerca de 1.400 pessoas em mais de cem municípios do estado. A maioria foi transferida para abrigos, informou a Defesa Civil em seu relatório às 9h. A fonte também reportou 11 feridos e 19.110 afetados.
"Seguimos trabalhando intensamente para localizar os desaparecidos e garantir a segurança das comunidades em áreas de risco", disse nesta quarta-feira o governador Eduardo Leite, na plataforma X.
"Infelizmente, ainda há previsão de mais chuva".
As chuvas persistentes deixaram as localidades isoladas devido ao desabamento de pontes e estradas.
As autoridades emitiram um pedido à população para que evite circular em pelo menos 20 setores das rodovias do estado devido a bloqueios ou risco de desabamento.
Desde terça-feira, a Defesa Civil concentra esforços no resgate de famílias presas em suas casas, em muitos casos nos telhados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o governador Eduardo Leite, e ofereceu ajuda, conforme escreveu na rede X.
"O governo federal irá se somar aos esforços do governo estadual e prefeituras para atravessarmos e superarmos mais esse momento difícil, reflexos das mudanças climáticas que afetam o planeta", disse.
As autoridades concentravam suas forças no resgate de pessoas ilhadas pelas enchentes, temendo que as condições meteorológicas piorem nos próximos dias.
"Nas próximas horas, espera-se que o volume de chuvas continue elevado (...) Todos os rios monitorados estão com níveis acima dos limites de alerta", disse o governo do Rio Grande do Sul em outro comunicado.
Em algumas áreas há risco de inundações, com uma situação preocupante nos vales do Caí e do Taquari, onde as águas já transbordaram em novembro passado.
Os moradores da pequena cidade de Encantado tentavam se deslocar a pé ou de moto pelas estradas danificadas e parcialmente cobertas por rios de lama, segundo imagens da AFPTV.
Os esforços de resgate foram intensificados no município de Candelária, que se encontra em "estado crítico", segundo as autoridades.
As Forças Armadas disponibilizaram aviões capazes de realizar voos noturnos para realizar resgates em áreas de difícil acesso, e aeronaves da polícia também estarão prontas para participar da tarefa, à espera de condições climáticas favoráveis.
No final de março, fortes chuvas no sudeste do país deixaram pelo menos 25 mortos nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Na mesma época, uma onda de calor atingiu o país em março, com temperaturas agoniantes no Rio e São Paulo.
Em fevereiro, o Rio Grande do Sul foi afetado por temperaturas extremas devido a uma "cúpula de calor extremo" vinda da Argentina.
Especialistas atribuem fenômenos extremos e instabilidade meteorológica às alterações climáticas e ao agravamento do fenômeno El Niño.
Cientistas estimam que as atuais temperaturas globais sejam cerca de 1,2ºC mais elevadas do que em meados do século XIX, causando um aumento de inundações, secas e ondas de calor.