Meio Ambiente

Madeira ilegal é usada no resgate de áreas na Amazônia

Projeto em Rondônia tem por objetivo dar um fim adequado a esse material

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Estadão Conteúdo

Publicado em 09/06/2024 às 22:00
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Para onde vai a madeira apreendida em operações da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Ambiental? Em Rondônia, o projeto Colhendo Sementes, Construindo Viveiros, Plantando Florestas tem por objetivo dar um fim adequado a esse material.

O programa busca direcionar os troncos - que estavam sendo obtidos ilegalmente - para a construção ou revitalização de viveiros, já que esse material é frequentemente armazenado em depósitos (onde acabam por se deteriorar), descartado de forma pouco apropriada ou comercializado no mercado ilegal.

A ideia de dar um novo destino à madeira apreendida partiu do juiz Maximiliano Deitos, do Tribunal de Justiça de Ji-Paraná. "O projeto surgiu da necessidade de resolver o problema do acúmulo de madeiras apreendidas, que frequentemente se deterioravam com a burocracia administrativa e judicial. Além disso, o Judiciário é gestor das multas e penas pecuniárias advindas de crimes ambientais, mas tem dificuldade em direcionar esses valores para projetos ambientais", afirma.

Atualmente, cada viveiro construído produz entre 30 mil e 150 mil mudas. Elas são usadas na recuperação de áreas degradadas, revitalização de matas ciliares e nascentes de rios. O programa idealizado pelo magistrado foi o vencedor em 2023 do Prêmio Juízo Verde, do Conselho Nacional de Justiça, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU). "Sempre falo que ambiente não tem partido político, é questão de sobrevivência humana na atual crise climática que o mundo está vivendo", diz Deitos.

DIVERSIDADE

O dinheiro de multas e acordos de recuperação ambiental aplicados a quem comete crime ambiental é investido na compra de sementes vindas de associações indígenas de Rondônia e de outros materiais essenciais à construção dos viveiros. O projeto conta com mais de 4 toneladas de 57 espécies de sementes nativas, a exemplo de ipê, jequitibá, cerejeira, copaíba e jatobá.

"Projetos de reflorestamento rendem emprego e renda para as comunidades locais com atividades de plantio, manejo florestal sustentável e coleta de produtos florestais não madeireiros. Isso promove o desenvolvimento econômico sustentável e melhora a qualidade de vida das populações envolvidas", diz Walmir Étori, coordenador e membro do conselho gestor do projeto.

Atualmente, 34 municípios aderiram ao projeto de sustentabilidade, o equivalente a quase 70% do Estado de Rondônia. "O município tem muito a ganhar: uma cidade mais arborizada e mananciais protegidos", conta Célio Lang, prefeito de Urupá.

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