Desequilíbrio

Árvores saem de cena por todo o Recife

Desde o início de 2013, a Emlurb já 811 árvores foram cortadas e outras 26.271 podadas

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 05/04/2014 às 1:40
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Desde o início de 2013, a Emlurb já 811 árvores foram cortadas e outras 26.271 podadas - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Principal alternativa para combater as ilhas de calor das grandes cidades, as árvores também servem como proteção natural para os pedestres que sofrem em dia de sol forte do Recife. Seus galhos, no entanto, têm cada vez menos força na briga contra fiação aérea, muros e calçadas estreitas. Do início de 2013 até março deste ano, 811 árvores foram cortadas e outras 26.271 podadas pela Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). Apesar de o órgão afirmar que as intervenções são feitas sob supervisão de profissionais capacitados, plantas tortas se multiplicam pela cidade.

Com base em um mapeamento das árvores do Recife realizado há 28 anos, uma pesquisa ainda em desenvolvimento do departamento de engenharia florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) está verificando a situação autal das plantas registradas. Mesmo sem os números finais, o estudo já aponta a diminuição da área verde da cidade e o aumento da quantidade de podas. "O que a gente percebe é a pressão sobre a árvore para adaptá-la ao contexto da cidade, e não um planejamento de uma cidade com mais árvores", critica Isabele Meunier, professora de engenharia ambiental.

A Emlurb, por outro lado, afirma ter plantado 13 mil mudas desde o início ano passado até março e que podas ou cortes só são feitos quando há risco de queda ou para o controle de pragas. Quando há interferência sobre a rede elétrica, cabe à Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) - que terceiriza o serviço e não divulgou o número de cortes - realizar a poda. Em nota, a Celpe disse que irá gastar R$12,5 milhões nesse tipo de ação este ano e irá substituir 367 quilômetros de fiação convencional por uma rede protegida, que requer menos cortes. 

Mas não são só os números de podas que assustam os pesquisadores, mas também a qualidade delas. Isabele Meunier explica que o corte dos galhos deve ser feito com equipamentos adequados, de forma simétrica (deixando o peso distribuído sobre o tronco) e a copa só pode ser reduzida em até 30% do seu total. "Algumas situações são bem comuns: a depilação da árvore, quando os galhos são arrancados e deixam só o topo da copa. O corte assimétrico também é um risco, já que o peso pode causar a quebra do tronco ou o escorregamento da raíz", alerta a engenheira florestal.

Chefe do setor de sementeiras da Emlurb, Fernando Bivar também aponta a falta de planejamento da paisagem da cidade para a manutenção adequada das árvores. "Muitas vezes encontramos vegetação que foi plantada erradamente e sofreu várias podas anteriores inadequadas e a gente só tem como minimizar essa situação", explica. O engenheiro florestal alerta ainda a realização de cortes ou podas em árvores de locais públicos ou particulares sem autorização da Secretaria Municipal de Meio ambiente é considerado infração e pode levar a multa de R$50 a R$5 mil. Denúncias podem ser feitas pelo número 156, da Emlurb.

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