Os 65 animais silvestres que habitam o minizoológico do Parque 13 de Maio, no Centro do Recife, há cerca de 50 anos devem deixar o espaço num prazo de seis meses. Foi o que ficou decidido na audiência pública, realizada nesta quarta-feira 9 pela Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público, por solicitação da Associação de Defesa do Meio Ambiente de Pernambuco (Ademape). No dia 20 de março, a Ademape ingressou com representação no MPPE, pedindo que o órgão pressionasse a Prefeitura do Recife a cumprir a Lei Estadual 14.639/12, que proíbe a permanência de animais silvestres ou exóticos em praças, parques ou espaços urbanos localizados em áreas de elevada densidade demográfica.
“O parque não tem licença do Ibama para manter o minizoo e nem pode ter, já que a lei proíbe”, explicou o promotor de Meio Ambiente, Ricardo Coelho. Ele informou que o prazo concedido à Empresa de Manutenção e Limpeza do Recife (Emlurb) para transferir os animais foi largo para evitar traumas. “A Emlurb e o Ibama vão discutir os locais adequados para receber os animais e todas as decisões serão reportadas aos MPPE, que vai acompanhar o processo”, garantiu o promotor, que sugeriu à Emlurb que reurbanizasse o parque e plantasse mais árvores.
Para o presidente da Ademape, Manoel Tabosa, a decisão foi uma vitória dos animais e da sociedade civil, que mostrou que vale à pena lutar pela causa ambiental. “Há quatro anos batalhávamos para tirar aqueles animais da situação de estresse que viviam no Centro da cidade. Finalmente conseguimos”, comemora. Ele afirma que o prazo longo para a mudança foi consequência da incapacidade do zoo de Dois Irmãos de recebê-los. Durante a audiência pública, o representante do Ibama, Edson de Andrade, não somente vetou essa alternativa como disse que o zoo deveria ser fechado pelas condições precárias que apresenta – uma reforma foi iniciada em dezembro.
Através de informações recebidas do representante do Ibama, Manoel Tabosa revelou que as 13 araras-canindés podem ser levadas para um santuário ecológico em Santa Catarina, no Sul do País. Ainda será preciso definir o destino das outras aves e dos macacos-prego. “A Ademape se ofereceu para fazer a reintrodução na natureza das seis iguanas do parque. Como elas vivem soltas no laguinho, não terão muita dificuldade de adaptação”, acredita o ambientalista.