Três anos depois de iniciada a ocupação irregular de uma área de cinco hectares de manguezais no Jiquiá, Zona Oeste do Recife, a prefeitura começou nesta segunda o trabalho que deve culminar com a remoção de cerca de 100 famílias que vivem no local e o isolamento definitivo do terreno com cerca.
Equipes da Brigada Ambiental da Guarda Municipal e da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) do Recife estiveram pela manhã na área e derrubaram alicerces de três casas que seriam construídas na Rua do Príncipe da Beira, além de 15 cercas usadas para demarcar terrenos na Rua Jaguarana.
Ao todo foram recolhidas 48 toneladas de entulhos no manguezal, uma Área de Preservação Permanente (APP), definida pela Lei Municipal 16.930, de 2003. O local deverá ser alvo de uma ação de reintegração de posse que a Secretaria de Assuntos Jurídicos do Recife solicitará ao Poder Judiciário, nos próximos dias.
Segundo o inspetor Júlio Melo, da Brigada Ambiental, os moradores incorrem em quatro crimes previstos na legislação ambiental: desmatamento de manguezais, disposição irregular de resíduos sólidos (aterro), ocupação irregular do solo e demarcação de área ambiental. “Essa é uma área que mantemos sob vigilância permanente e até tratores já apreendemos por aqui. Mas a ocupação irregular vinha ocorrendo com tal velocidade que não nos restou alternativa a não ser começar essa retirada dos entulhos com vistas à desocupação total do manguezal”, afirmou, lembrando que, nos últimos seis meses, 30 casas foram levantadas na área. Em agosto do ano passado as equipes da prefeitura visitaram por duas ocasiões à ocupação e também derrubaram imóveis em construção.
De acordo com o gerente de Controle Ambiental da prefeitura, Ismael Casemiro, o trabalho de remoção de entulhos da área de mangue deve se estender por todo o dia de hoje. “Existem trechos com até 80 centímetros de aterro, que só pode ser removido com o uso de retroescavadeiras. Vamos começar esse trabalho amanhã (hoje) para depois fazer o replantio da vegetação”, revelou.