resíduos sólidos

Reciclagem vira sinônimo de lixão

Cooperativa localizada na Torre sofre dos mesmos problemas de áreas degradadas, como mau cheiro, sujeira espalhada e trabalhadores sem proteção

Valéria Oliveira
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Valéria Oliveira
Publicado em 20/07/2014 às 7:43
Foto: Michele Souza/JC Imagem
Cooperativa localizada na Torre sofre dos mesmos problemas de áreas degradadas, como mau cheiro, sujeira espalhada e trabalhadores sem proteção - FOTO: Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Um local que deveria servir como exemplo de cuidado e preocupação com o meio ambiente tornou-se palco de amontoados de lixo e sinônimo de descaso. A Cooperativa da Torre, localizada no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste do Recife, não se parece nem de longe com uma cooperativa de reciclagem. Quem vê tem a ideia de que o local trata-se mais de um lixão, por conta da quantidade de material que se acumula na área externa do espaço. É entulho para todos os lados, além do cheiro forte que toma conta do lugar. Também há muita sujeira espalhada. Além disso, um dos problemas mais preocupantes é que os catadores que trabalham na reciclagem não utilizam nenhum tipo de proteção, ficando expostos a vários riscos.

A cooperativa funciona há cerca de cinco anos na Rua Eliéser Olímpio de Moura. O espaço é abastecido com materiais de reciclagem provenientes da coleta seletiva trazidos por caminhões da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). Por dia, cerca de cinco caminhões vão ao local para fazer a entrega dos materiais. No terreno ocupado pela cooperativa há uma área coberta, onde fica armazenado o material já separado. Já na área externa, onde os caminhões despejam os entulhos, não há nenhum tipo de cobertura. E é aí que mora o problema.

Segundo moradores, o material fica espalhado durante dias nesse espaço, juntando sujeira e atraindo animais, até ser separado pelos catadores. Quando chove, a situação se agrava. Fica tudo alagado, juntando poças de água e mosquitos. “A água fica parada por dias. E tem o risco da dengue”, diz a aposentada Maria Altamir.

De acordo com a catadora Lucicleide Ferreira da Silva, 38 anos, o local recebe todo o tipo de material. “Outro dia mesmo meti a mão no saco, quando puxei veio uma seringa. Acabei me furando”, contou. 

Lucicleide trabalha de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h, com um intervalo de uma hora e meia para o almoço. No corpo, carrega as marcas do contato diário com os materiais. Já perdeu as contas de quantos machucados sofreu durante os anos atuando no local.

As condições de trabalho são bem precárias. Os catadores ficam em meio ao lixo sem nenhum tipo de proteção. Não usam luvas ou botas. Máscaras de proteção, nem pensar.

Em nota, a Emlurb informou que apoia a cooperativa, mas que a gerência do espaço é de responsabilidade dos próprios cooperados. O órgão disse que já forneceu materiais de proteção para os catadores, como luvas e máscaras, mas o uso dos produtos fica a critério dos cooperados. Há a previsão de implantação de uma coberta na área aberta, mas ainda sem data definida. A gerência da cooperativa não quis falar sobre o caso.

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