As pesquisas sobre os tubarões que frequentam a costa da Região Metropolitana do Recife (RMR) ganham, a partir de hoje, um importante reforço para a compreensão da vida e do comportamento desses animais. Até o dia 14 de agosto, um navio da Ocearch – organização americana sem fins lucrativos – irá capturar e instalar chips em tubarões-tigres encontrados a partir de 30 quilômetros do litoral. Com o equipamento, será possível acompanhar a localização em tempo real de cada tubarão, dados que estarão disponíveis online para toda a população. Essa será a primeira vez que os pesquisadores que trabalham na prevenção dos ataques a banhistas em Pernambuco terá acesso a informações como as rotas de origem e destino dos animais.
Cerca de 50 pessoas estarão a bordo do navio, entre a equipe da Ocearch, pesquisadores e estudantes universitários. “Sabemos hoje que esses animais se aproximam da costa seguindo correntes marinhas no sentido Sul-Norte, mas não sabemos ainda de onde eles vêm e para onde vão depois de passar do Cabo Calcanhar (Rio Grande do Norte). Eles podem seguir para o Caribe ou em direção às ilhas oceânicas, por isso as capturas também serão feitas em Fernando de Noronha”, explica Fábio Hazin, coordenador da equipe de pesquisadores brasileiros que irá participar da expedição.
Além de Pernambuco, a expedição vai passar por Alagoas, Rio Grande do Norte e Fernando de Noronha, onde serão feitos os mesmos procedimentos. Primeiro, receberão o chip com vida útil de cerca de cinco anos, que dá a localização em tempo real dos peixes; em seguida, outra marcação, que durante seis meses irá informar a profundidade e a temperatura da água por onde o animal nadar; e ainda uma marca acústica, inserida na barriga dos tubarões, que durante dez anos também vai passar informações sobre a localização. Serão coletadas amostras de sangue (para análise do DNA e do nível de estresse), da musculatura (para entender mais sobre a alimentação da espécie), e parte da barbatana (para análise genética). Os pesquisadores ainda vão medir os tubarões e retirar parasitas.
Todos esses procedimentos são feitos em um tempo médio de 15 minutos, o que garante a integridade dos tubarões. "Desde o início das nossas expedições, no início de 2007, só tivemos uma perda, que aconteceu na África do Sul. Isso nos ajudou a melhorar e chegar numa forma de capturar os animais sem causar danos", diz Chris Fischer, fundador da Ocearch. A operação que chega ao Brasil está orçada em 700 mil dólares (cerca de R$1,54 milhão), financiada principalmente pela empresa americana de maquinário Caterpillar.
CEMIT - Criado em 2004, o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) que estuda os animais que se aproximam da costa da Região Metropolitana do Recife (RMR) também irá participar da expedição da Ocearch. Desde 2006 são realizadas expedições semanais para captura dos tubarões, que passam a ser monitorados e depois soltos em alto mar. Dos cerca de 80 tubarões capturados, apenas dois voltaram a se aproximar do litoral. O número de mortalidade dos animais durante os procedimentos, no entanto, chega a 15% devido à lentidão das embarcações usadas.
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