ECOLOGIA

Aves ajudam a avaliar a saúde do Recife

Biólogos estão fazendo levantamento das espécies que sobrevivem em praças e parques da cidade

Claudia Parente
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Claudia Parente
Publicado em 28/09/2014 às 8:00
Paulo de Barros/Divulgação
Biólogos estão fazendo levantamento das espécies que sobrevivem em praças e parques da cidade - FOTO: Paulo de Barros/Divulgação
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Em 1995, a Organização Mundial de Saúde definiu que uma cidade saudável deveria proporcionar, entre outras coisas, um ecossistema estável e sustentável. Para avaliar se as praças e parques do Recife, que formam o ecossistema urbano, apresentam boa saúde, biólogos da ONG Universidade Livre do Meio Ambiente do Nordeste (Unieco) estão fazendo levantamento das aves que sobrevivem nesses espaços verdes. Apesar do crescimento acelerado da cidade, espécies ameaçadas de extinção já foram encontradas.

“Através da composição dos pássaros (espécies que ocorrem em que cada praça), sua alimentação e habitat, é possível determinar se a área está degradada”, explica o biólogo Paulo de Barros, um dos responsáveis pelo projeto. Ele acrescenta que, mesmo artificial, o ambiente urbano funciona como refúgio para muitas espécies. “Nesses fragmentos verdes, elas encontram alimentação, abrigo e condições para se reproduzir. Sem eles, não poderiam existir.”

Desde que o levantamento começou, em junho, os biólogos já visitaram 16 praças e parques e detectaram 61 espécies, duas delas consideradas ameaçadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais: a Sporagra yarrellii, conhecida como pintassilgo-do-Nordeste, e a Picumnus exillis pernambucensis, o pica-pau anão. A ave símbolo do Brasil, o sabiá-laranjeira, e o canário verdadeiro também habitam os parques do Recife.

Ainda foram encontradas espécies que dependem de mata nativa para sobreviver, como a Colaptes melanochloros (pica-pau verde barrado), a Zimmerius gracilipes (poiaeiro-de-pata-fina) e a Thamnophilus palliatus (choca listrada). “Elas vivem nessas praças e parques porque eles têm cobertura vegetal para suportar a espécie. Mas, se as árvores diminuírem, não vão conseguir se manter”, alerta.

Paulo Barros e o colega Glauco Alves Pereira, com quem divide o trabalho, lembram que as aves colaboram para melhorar a qualidade de vida humana, pois se alimentam de pragas que atacam plantações, combatem roedores, cobras e insetos nocivos. Também polinizam flores e embelezam o ambiente com seu canto mavioso.

Até o final do projeto, que levará dez meses para ser concluído, os biólogos vão visitar mais 20 praças e parques. Depois, vão propor ações à prefeitura. “Vamos indicar os pontos em melhor estado de conservação é os que precisam de mais atenção”, adianta Glauco. Também pretendem indicar as melhores áreas para observação de pássaros. Em Pernambuco, ocorrem 535 espécies de aves, 450 delas na Mata Atlântica. Apesar da urbanização galopante, o Recife conta com 202 espécies de pássaros para colorir e suavizar a paisagem.

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