“Casa Amarela gira em torno do Sítio Trindade, mas este espaço poderia ser melhor utilizado.” É nisto que os responsáveis pela elaboração do plano diretor do bairro da Zona Norte do Recife acreditam. O grupo de moradores que trabalham para recriar coletivamente a região quer que o parque se torne mais atrativo e definiu uma série de propostas que podem contribuir com esta missão. Abertura dos portões laterais, programação cultural diversificada e construção de um museu são algumas das ideias publicadas no grupo do Facebook Casa Amarela Saudável e Sustentável. Quem frequenta o local ainda pede reforço na segurança e na iluminação.
Com 6,5 hectares, o Sítio Trindade é um dos maiores espaços verdes da Zona Norte do Recife e a principal opção de lazer em Casa Amarela. Mesmo assim, muitos moradores afirmam que são poucas as chances de diversão. A Concha Acústica mal recebe atrações culturais, os brinquedos são escassos e os aparelhos de ginástica, antigos. Em bom estado só resta a pista de cooper, que não dispõe de ciclovias. A acessibilidade é outra queixa. Antigamente, o sítio tinha cinco portões de acesso, mas há anos só dois ficam abertos ao público, nas Estradas do Arraial e do Encanamento. Além disso, não há rampas para facilitar o trânsito de pessoas com dificuldade de locomoção. Quem entra pela Estrada do Encanamento, por exemplo, precisa subir uma escadaria com degraus desgastados e calçadas quebradas para chegar ao parque. À noite, o número de visitantes ainda diminui porque muitos não confiam na segurança do local.
“Moradores pedem mais espaços de convivência e o Sítio Trindade é o ideal. Mas, se compararmos este parque com o da Jaqueira e do 13 de Maio, percebemos que ele é subutilizado. Há poucos visitantes porque falta estrutura”, afirma o coordenador da Pastoral da Saúde de Casa Amarela e um dos organizadores do plano gestor do bairro Vandson Holanda. Para ele, medidas simples poderiam mudar a situação. Além do reforço na segurança e na programação cultural, propõe-se a construção de quiosques de alimentação, ciclovia, pista de skate e um museu. A ideia é que a pista ocupe uma das áreas verdes que não têm utilização e o museu resgate a história do Sítio Trindade, um dos maiores palcos de resistência à ocupação holandesa. Hoje, os elementos históricos do parque, como o obelisco que lembra o antigo Forte do Arraial, estão esquecidos e tomados por pichações.
As propostas serão apresentadas à Prefeitura do Recife, mas, em nota, a Secretaria de Cultura esclareceu algumas delas. O fechamento dos portões laterais das Ruas da Harmonia e Ferreira Lopes, por exemplo, foi feito por questão de segurança. A abertura teria sido discutida com a população em junho, mas foi recusada, mesmo com o parque sendo monitorado por guardas municipais e câmeras de segurança. O órgão também afirmou que o local é um dos maiores polos de diversão no São João e no Natal, mas oferece outras atrações culturais ao longo do ano, além de aulas de tecnologia em seu chalé colonial.