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Palma sertaneja ganha o mundo

IPA está fazendo cruzamento genético entre várias espécies e enviou clones para a Itália, Paquistão, Índia e Jordânia, países que possuem regiões semiáridas

Claudia Parente
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Claudia Parente
Publicado em 16/11/2014 às 23:37
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IPA está fazendo cruzamento genético entre várias espécies e enviou clones para a Itália, Paquistão, Índia e Jordânia, países que possuem regiões semiáridas - FOTO: Foto: Divulgação
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Após quase quatro anos de seca, o que evitou a dizimação do rebanho bovino do Agreste do Estado foi o consumo de palma, um cacto comum em região semiárida. Essa salvação da pecuária está sendo modificada geneticamente por pesquisadores do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) para resistir ao ataque de pragas como a cochonilha. Há um mês e meio, 24 clones de várias espécies da forrageira foram exportados para centros de pesquisa na Itália, Paquistão, Índia e Jordânia, que também enfrentam problemas com o clima.

“Estamos mandando variedades introduzidas de outros países e outras modificadas aqui. Lá, eles vão identificar que material se adapta melhor às condições locais”, explica o pesquisador Djalma Cordeiro, que atua na estação experimental de Arcoverde, no Sertão. Nessa unidade, há um banco ativo de germoplasma com cerca de 600 materiais genéticos, vindos de várias partes do mundo, para utilização no melhoramento de produtos agrícolas.

A pesquisa para aperfeiçoar a palma, ideal para o semiárido por ter 91% de água em sua constituição, começou em 1985, mas a experiência com cruzamentos genéticos é mais recente, de 2003. Os pesquisadores do IPA já identificaram que uma espécie mexicana, conhecida como “orelha de elefante”, é rica em ácidos graxos, segundo Djalma Cordeiro, o que beneficia o leite produzido pelo animal que ingere a planta. Essa espécie está sendo cruzada com outras nativas, mas os resultados não foram divulgados.

A experiência exitosa do IPA, que integra a Rede Mundial de Cactus (Cactusnet), entidade apoiada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), atraiu pesquisadores de alguns países a Pernambuco. “Eles vieram conhecer a estação experimental de Arcoverde e se mostraram interessados em estudar a palma”, conta Djalma.

O trabalho ainda foi divulgado nos Estados Unidos pelo professor da UFRPE Antonio Carlos Dubeaux, que já tinha feito pesquisa no IPA e trabalha na Universidade da Flórida. “Bolívia, Caribe e alguns países do Oriente Médio, que tem áreas de semiárido, também pretendem cultivar a planta”, conta o gerente do Departamento de Pesquisa do IPA, Geraldo Magella.

Além da palma, o instituto faz experiências de melhoramento de sorgo, tomate e cebola e planeja expandir a pesquisa com a forrageira, mas faltam recursos. “É preciso mais investimento em pesquisa. A maior parte da verba que temos é destinada à distribuição de sementes, não ao aperfeiçoamento do produto”, diz Djalma.

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