Na semana passada, o Ministério Público de Pernambuco anunciou a possibilidade de pedir a interdição do zoológico de Dois Irmãos por causa das condições inadequadas de confinamento dos animais. A situação é dramática, mas não é novidade. Pelo mesmo motivo, a Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) cancelou o congresso anual que seria realizado em março deste ano, no zoo do Recife, depois de uma visita da presidente da entidade ao horto em agosto de 2013. O evento foi transferido para Bauru (SP).
“Seria uma incoerência passarmos dias discutindo conservação e importância dos zoos e levarmos pessoas ao Parque Dois Irmãos para ver animais sendo mantidos de forma totalmente inadequada”, argumenta Yara Barros, presidente da SZB. Ela alerta que as condições atuais do horto oferecem perigo aos bichos e aos visitantes. “Muitos animais estão em recintos caindo aos pedaços. Se houver fuga, será por negligência”, avisa.
Na visita que fez ao horto, Yara ficou impressionada com o espaço pequeno e lamacento destinado aos tigres siberianos, o serpentário em ruínas e os ursos estressados por falta de atividade. Sem falar no abandono das áreas externas, cheias de mato. “As condições do lugar me causaram pena e indignação”, disse. O zoo abriga 550 animais.
Bióloga e doutora em zoologia, Yara Barros explica que os zoológicos têm a função de agente transformador de atitudes e se constituem numa ferramenta poderosa de conservação da biodiversidade. Mas nenhum desses papéis estaria sendo cumprido em Dois Irmãos. “Em vez de proporcionar conhecimento e causar encantamento, faz as pessoas sentirem pena dos animais”, afirma.
