A pré-história de Pernambuco vai ganhar destaque com a inauguração, na próxima segunda-feira (18), da nova sede do Museu de Arqueologia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no Palácio da Soledade, no bairro de mesmo nome, área central do Recife. Os visitantes vão poder ver pinturas rupestres, esqueletos que datam de aproximadamente 2.000 anos e aprender sobre a história do Estado, além da evolução humana e mudanças climáticas.
As peças em exposição foram descobertas pela antropóloga Jeannete Maria Dias Lima em 1982, em um cemitério localizado no Sítio Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus, Agreste do Estado. Os indivíduos que viviam lá possuíam uma cultura adaptada à caatinga e acredita-se que são precursores dos índios da etnia xucuru. O clima seco e as altas temperaturas da região ajudaram a conservar esqueletos de crianças e adultos, fezes e pedaços de cérebro. Ainda há um fóssil de megatério (preguiça-gigante que podia atingir até seis metros) encontrado em Fazenda Nova, também no mesmo município.
O público vai poder conhecer a história do flautista. Um homem de aproximadamente 45 anos que foi enterrado com uma flauta feita de tíbia humana entre os braços. Não se sabe para que o instrumento era usado. Uma das teorias é de que o indivíduo poderia ser uma espécie de vigia, que avisava a população por meio do som. Jeannete Maria Dias Lima também encontrou apitos no cemitério. A descoberta é importante no âmbito cultural. "Já mostra a criatividade daquele grupo em fazer cultura, de transformar um osso humano há milhares de anos atrás. Serão realizados estudos para apontar se o homem realmente tocava esta flauta e qual era função dela", explica a coordenadora do museu, Maria do Carmo Caldas.
Antes, o museu funcionava em uma sala de aula na Unicap. Agora, o espaço é maior e oferece recursos interativos, como vídeos, desenhos e painéis com fotos, além de peças táteis para deficientes visuais, que reproduzem esqueletos, crânios e pinturas rupestres. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros órgãos, disponibilizaram recursos para a mudança.
A expectativa dos organizadores é de que o número de visitas aumente. “Quando o acervo ficava na Unicap, recebíamos uma média de 3.000 visitantes por ano. Era mais acadêmico e não havia tantos elementos de contextualização. O novo espaço é aberto ao público em geral (crianças acima de 7 anos) e de várias áreas. Há um pequeno auditório onde ofereceremos aulas sobre diversos temas: arqueologia, mudanças climáticas e até preservação do patrimônio cultural”, afirma Maria do Carmo Caldas.
O museu funcionará de segunda a sexta-feira das 8h30 às 17h30, com intervalo de almoço entre 11h30 e 14h30. Grupos com mais de dez pessoas devem agendar visitas pelo site da instituição (www.unicap.br). A entrada é gratuita. Se os grupos agendarem aulas, cada membro vai ter que pagar R$ 5 (exceto escolas públicas).
SEMANA
A inauguração coincide com o início da 13ª Semana Nacional de Museus. O público poderá assistir às palestras que serão realizadas no auditório do Palácio da Soledade, de terça a quinta-feira, das 9h às 11h. Entre os temas abordados está “A Liberdade Religiosa e o Patrimônio Religioso do Recife”.